Um problema de saúde o levou a correr. Sete anos depois, aos 49 anos, Ernani Praia encarou nada menos que 90 km na Maratona Comrades 2014, a mais antiga e extensa do mundo.
Há 1 ano, Ernani buscou a Bodytech para treinar para a ultramaratona e tivemos a chance de entrevistá-lo para saber mais sobre o projeto.
1) De onde surgiu a motivação para a prática da corrida? Como isso se desenrolou na sua vida?
O atletismo surgiu na minha vida há sete anos como uma alternativa para resolver problemas de saúde. Médicos recomendaram a prática de esportes. Devido a problemas no joelho, a corrida se tornou uma alternativa, por indicação de fisioterapeutas. Eu corria um pouco, o joelho doía. Tentava correr mais e ele inchava. Mas insisti. Os fisioterapeutas diziam que era bom, pois o joelho ficaria fortalecido. Naquele momento, me vi em uma situação totalmente nova. Sempre gostei de esportes, mas nunca tinha me movimentado dessa maneira para cuidar da saúde. O início foi devagar, mas com o tempo tomei coragem para encarar uma prova de cinco quilômetros. Depois vieram outros desafios: dez, 16, 21 e 42, até chegar o momento em que me senti pronto para encarar a ultramaratona de 90 km. A prática de corrida também refletiu no meu trabalho, ajudando a melhorar meu rendimento. Ao longo do tempo, a palavra de ordem é mobilidade. Correr é manter a mobilidade ao longo do tempo. Na corrida, tenho felicidade e a alegria de estar equilibrado, fazendo algo que tem significado na minha vida.
2) Como foi a experiência na África do Sul? E a sua performance?
Primeiro, não sabia que tanta gente gostava de correr uma prova dessas. Para se ter uma ideia, no Brasil, temos a São Silvestre, de 15 km e cerca de 25.000 participantes. Na Comrades, são 90 km e cerca de 20.000 participantes. Se você não fizer uma boa preparação, pode acontecer de tudo numa prova desse tipo, com muitas subidas e descidas o tempo todo. Percorri os 90 km em 11h. Minha estimativa era de fazer a prova em 9h30, mas peguei uma gripe 10 dias antes da largada e fiz a prova assim mesmo. Sabia dos riscos e não aconselho ninguém a fazer o que fiz. Mas foi pura superação. Aprendi a conhecer melhor as minhas limitações e o que pode ser feito para superá-las, tanto psicológica quanto fisicamente. Tive que aprender a dosar a energia durante a prova, pois nunca tinha passado por essa experiência antes. Precisei ter paciência, tolerância e habilidade mental para superar as dores musculares. Se não tiver “cabeça”, não termina a maratona. Você sai fortalecido de uma prova como essa, por mais estranho que pareça dizer isso.
3) Algum fato curioso aconteceu na competição? Quais lembranças você carrega dessa viagem?
Durante todo o percurso recebemos o incentivo dos moradores que vivem ao longo dos trechos. Eles gritam o seu nome, distribuem bebidas e alimentos aos maratonistas. Os participantes descartam peças de roupas ao longo dos primeiros 30 km e colocam em caixas para doações que são distribuídas a entidades carentes. Há crianças ao longo do trajeto que estendem as mãos e gritam: “give me five!”. É incrível. Você passa por elas e toca suas mãos a medida que avança. É muita energia! Finalmente, tive a oportunidade de abraçar uma dessas crianças. Essa era muito especial porque estava em uma cadeira de rodas e não podiam falar direito, mas tinha um olhar profundo e marcante. Na chegada, você é recebido dentro de um estádio de rúgbi por cerca de 40.000 pessoas, o locutor da prova destaca todos aqueles que chegam com dificuldade e, também, aqueles que estão completando a prova por mais de 10 vezes. Isso mesmo! Há pessoas que já fizeram a prova por 34 vezes.
4) Qual a importância da Bodytech nessa sua conquista? De que forma a academia o motivou?
A infraestrutura e o serviço foi o grande diferencial. Já sabia que isso poderia contribuir com o sucesso desse desafio. As aulas são bem distribuídas e nos dá muitas opções de treinamento e recuperação ativa. Além disso, os professores são competentes, têm um bom astral, são receptivos, apoiam e incentivam. Gostaria de destacar o trabalho da professora de musculação Lauane Mendes. Sempre interessada em fazer um trabalho diferenciado, individualizado e adaptado às necessidades de cada ciclo da minha planilha de treinamento. Posso dizer que o diferencial foi o trabalho de musculação porque mesmo gripado, tive força e resistência suficientes para finalizar a prova. Claro que o trabalho nutricional e a planilha de treinamento também ajudaram bastante porque são a base para treinar de maneira correta. Então foram os três: nutrição, planilha de treinamento e musculação.
5) A prova de que você participou exige um condicionamento físico exemplar. Em algum momento você pensou em desistir?
Não. Quando começava a perceber que algo desse tipo poderia acontecer, entrava em cena as estratégias mentais para lidar com essas situações. O importante nesse momento é manter o foco e buscar maneiras de garantir o máximo de concentração. Sua energia tem que estar concentrada, disponível para ser usada ao longo do desafio. Se você perder esse contato com a leitura que você faz da energia que você tem disponível e como deve usá-la… pronto, perdeu, tá fora do jogo!