* Por Alessandra Feltre, nutricionista convidada pela Optimum Nutrition

Após as festas de final de ano e com a promessa de emagrecer, limpar o organismo e promover saúde, a “dieta” detox ganha mais adeptos e faz cada vez mais sucesso entre pessoas (do universo fitness ou não). A questão é: essa “dieta” realmente é benéfica e funciona? Emagrece? Desintoxica verdadeiramente o corpo? Essas são algumas das muitas dúvidas sobre as famosas dietas “detox”. Para esclarecer esses e outros pontos, a nutricionista Alessandra Feltre responde:

A “dieta detox” é realmente benéfica para o organismo?
Em primeiro lugar, não considero o “detox” uma dieta. O detox, ou “detoxificação”, é um processo metabólico que ocorre todos os dias em nosso corpo e necessita de inúmeros nutrientes e compostos ativos para que ocorra de forma saudável e eficaz. Como é um processo de eliminação de substâncias tóxicas no organismo, e necessita de nutrientes específicos para que ocorra de forma eficiente, um planejamento alimentar nutritivo e livre de agentes tóxicos é realmente benéfico. Portanto, quando optamos por alimentos frescos (como legumes, vegetais e frutas) e ricos em vitaminas e minerais, ômegas 3, 6 e 9 (como azeites, peixes e oleaginosas), carboidratos de baixo índice glicêmicos (a exemplo de batata doce, inhame, mandioca, quinoa, amaranto e aveia) e livre de agrotóxicos, obtemos as benfeitorias do “detox” para o organismo.

A “dieta detox” emagrece?
O “detox” não deve ser caracterizado como uma forma de emagrecimento, pois sua finalidade é melhorar o funcionamento do organismo, eliminando substâncias tóxicas –que podem ser de origem alimentar, ambiental e/ou química. Mas, a partir do momento em que esse processo de detoxificação se inicia, o metabolismo corporal melhora e, consequentemente, a pessoa pode perder peso.

É preciso fazer dietas restritivas para que a dieta seja considerada “detox”?
Não! Dietas com restrição calórica são carentes em nutrientes e é exatamente o que não devemos fazer se quisermos ter uma boa detoxificacão. Quando as pessoas restringem calorias, elas perdem a questão nutritiva de um bom planejamento alimentar, ou seja, o organismo recebe menos vitaminas, minerais e compostos ativos essenciais para o processo de detoxificação.

A “dieta detox” deve ser completamente líquida? (ex. sucos e sopas)
Se considerarmos que a importância do processo de detoxificação é a eliminação de substâncias nocivas presentes em nosso corpo através de uma oferta aumentada de nutrientes, não é necessário que o “detox” seja feito apenas com sucos e sopas. No entanto, aumentar a densidade nutritiva de um suco ou sopa liquidificando vegetais folhosos juntos é mais fácil do que comermos 2 pratos de salada, por exemplo. Assim, podemos alternar sucos e sopas concentrados em vitaminas, minerais e fitoquímicos com refeições sólidas.

Então… Como a “dieta detox” pode ser considerada saudável para o organismo?
O “detox” deve ser baseado em alimentos que estejam na sua forma mais natural possível e, de preferência, orgânicos. Aquela antiga frase “quanto mais colorido o seu prato, mais saudável” é uma boa estratégia para favorecer o consumo de diferentes e importantes fitoquímicos e nutrientes para o processo de detoxificação. Além disso, para alcançarmos saúde com o processo de detox, um planejamento alimentar altamente detoxificante deve conter:
Gorduras benéficas, como os ômegas 3 (salmão, atum, sardinha), ômega 6 (semente de chia, linhaça) e ômega 9 (abacate, azeite de oliva, oleaginosas, sementes);
• Alimentos ricos e fonte de proteínas, como quinoa, amaranto, soja, cogumelos, ovos e peixes;
Carboidratos integrais e de baixo índice glicêmico, que são ricos em fibras e vitaminas, principalmente do complexo B;
Fitoquímicos presentes em alimentos como limão ou farinha de semente de uva. Pode-se, também, beber sucos e chás que são riquíssimos em antioxidantes e fitoquímicos;
Vegetais brassicos, como brócolis, couve flor, couve de bruxelas, repolho, nabo e alho; • Temperos de ervas, como açafrão, curry, alho, salsinha, salsão, páprica e gengibre;
Frutas de alto valor detoxificante, como abacaxi, melão, lima da pérsia, melão cantaloupe e melancia;
Chás, como cavalinha, salsaparrilha, hortelã, hibiscos e suco verde (feito de clorofila das folhas);
Biomassa da banana verde (riquíssima em vitaminas e minerais, fibras).

O detalhe mais importante é que devemos sempre respeitar a individualidade bioquímica de cada um e que o plano alimentar é específico de acordo com as suas necessidades e restrições alimentares.

A mistura entre sucos e chás, os “suchás” aliás, e uma ótima maneira de potencializar o que cada um tem de melhor para a saúde, já que quando combinamos os ingredientes, garantimos que seus benefícios no corpo sejam ainda maiores (juntamos as vitaminas, minerais e fitoquímicos em um só preparo, e ainda aproveitamos para nutrir e hidratar o corpo). Abaixo, confira 2  receitas de suchás que auxiliam o corpo a eliminar toxinas:

Suchá refrescante
Ingredientes:
150 ml de chá de cavalinha com salsinha 1 rodela (largura de 2 dedos) de abacaxi
Sumo de meio limão
8-10 folhas de hortelã
Lascas de gengibre a gosto
Modo de preparo:
Para o preparo do chá, utilize 1 colher de sopa rasa de cavalinha e 5-6 galhos de salsinha.
Deixe em infusão por 10 minutos, coe e deixe esfriar.
Bata o conteúdo do chá com a rodela de abacaxi, o sumo de limão, as folhas de hortelã e as lascas de gengibre.
Tome sem coar e, de preferência, sem adoçar.
Suchá energético 
Ingredientes:
150ml de chá verde ou de matchá
1 folha de couve
½ maçã verde Sumo de meio limão
1 col. de café de guaraná em pó
Lascas de gengibre
Modo de preparo: 
Para o preparo do chá, utilize 1 colher de sopa rasa de folhas de chá verde ou matchá.
Deixe em infusão de 5-10 minutos, coe e deixe esfriar.
Bata o conteúdo do chá com a couve, a maçã verde, o sumo de limão, o guaraná em pó e as lascas de gengibre.
Tome sem coar e, de preferência, sem adoçar.