Um estudo realizado pela Sortlist apontou que os brasileiros gastam mais de 10 horas por dia na internet, sendo que 3 horas e 43 minutos desse tempo são destinadas às redes sociais. A importância do surgimento das redes está ligada à troca de informações, interação e conexão entre pessoas, instituições, empresas e países e, nesse sentido, é indiscutível. Porém, com o passar do tempo e o desenvolvimento de outras plataformas, foi possível observar o aumento gradativo do tempo que as pessoas destinam para a utilização desses meios de comunicação. Por isso, se fez necessário entender os efeitos que o uso das redes podem ter em nosso estilo de vida, em nossa autoestima, no sono e, como consequência disso tudo, em nossa saúde psíquica. 

As redes e a nossa saúde mental 

De acordo com o estudo realizado pela instituição de saúde pública do Reino Unido, Royal Society for Public Health, em parceria com o Movimento de Saúde Jovem, o uso das redes mais populares – Facebook, YouTube, Whatsapp e Instagram – têm efeitos positivos ou nocivos à nossa saúde mental. 

O constante hábito de acessar para se comparar com o outro, por exemplo, pode impactar negativamente no sono e diminuir a autoestima – cerca de 70% dos jovens revelaram que as redes sociais fizeram com que eles se sentissem piores em relação à própria autoimagem. Outro ponto negativo é o sentimento de perder algum acontecimento, fazendo com que fiquem mais tempo navegando em suas redes.

A psicóloga Adriana Drulla, mestranda em Psicologia Positiva pela University of Pennsylvania, explica que a saúde mental, ou a ausência dela, é resultado de um processo multifatorial. É impossível apontar um único vilão. Mas através desse estudo e de outras pesquisas, é possível perceber que utilizar as redes sociais de forma exagerada é bastante prejudicial, uma vez que pode ser motivo de vício, crises de ansiedade, baixa autoestima, diminuição do sono, entre outras, principalmente entre o público adolescente.

As redes são um “vício”?

Adriana lembra que Sean Parker, o primeiro presidente do Facebook, declarou que: “a ferramenta foi desenhada para explorar a vulnerabilidade psicológica humana”. Isso porque a cada like ou interação positiva, nosso cérebro produz dopamina, um hormônio do prazer que é altamente viciante. Portanto, a dopamina está envolvida no vício em redes sociais, e em diversos outros como os jogos, por exemplo. Um outro fator fundamental para o vício é a velocidade em que os usuários recebem o reforço. Quanto mais rápido vem o reforço, mais viciante é o comportamento. No caso das redes, likes são comunicados em tempo real, a todo momento. “É claro que todos nós podemos nos viciar nas redes sociais. Mas as crianças e adolescentes são muito mais vulneráveis. Primeiro porque o cérebro deles ainda está em formação. Segundo, porque nesta fase a aprovação social é naturalmente sobrevalorizada” explica a psicóloga. 

Sinais de alerta

É possível identificar alguns indícios de que o uso das redes não está fazendo bem e merece atenção. Alguns deles são:

– Ocorrência de crises de ansiedade;

– Isolamento por se sentir excluído de situações ou por vergonha de determinado aspecto do corpo;

– Tristeza excessiva por período prolongado;

– Percepção de que está permanecendo mais tempo online do que offline (trabalho, encontro com amigos e família, atividades físicas e de lazer);

– Diminuição do tempo de sono.

Além desses fatores, as redes podem ampliar a solidão. Quando as pessoas ficam em um dispositivo, elas estão de fato sozinhas. “A literatura mostra que pessoas que passam muito tempo conectadas, se sentem mais solitárias. O tempo excessivo nas redes reduz o tempo disponível para experiências reais”, aponta Adriana. Amizades virtuais podem gerar uma ilusão de companheirismo, mas o fato é que elas não envolvem o senso de compromisso que existe nas amizades reais. Grupos e amizades virtuais não satisfazem nossa necessidade de pertencimento. 

Estarmos informados e conectados (com as pessoas e com o mundo) é bastante importante, mas desde que isso não nos impeça de vivermos experiências no “mundo real”. Portanto, fique atento aos sinais, e caso algum deles se torne presente, o ideal é buscar atendimento psicoterápico.