A oposição entre musculação e aeróbico está com os dias contados. A boa notícia é para quem não se acostuma de jeito nenhum com a musculação e mesmo assim quer conquistar massa magra. Pesquisas recentes apontam que com a intensidade certa, alguns aeróbicos podem sim gerar a tão sonhada hipertrofia tanto quanto exercícios com cargas e equipamentos.

Um estudo liderado no início desse ano pelo cientista Paulo Gentil, da Faculdade de Educação Física e Dança da Universidade Federal de Goiás, chegou a resultados interessantes. Os pesquisadores recrutaram trinta homens de 20 a 30 anos, que faziam musculação regularmente, e os dividiram em dois grupos. Durante semanas, o primeiro grupo fez treinos na bike, pedalando com a maior intensidade possível durante 30 segundos, já o outro manteve os exercícios no legpress pelo mesmo tempo, o que dá em torno de 10 a 12 repetições.

A equipe da universidade mediu ganho de força, capacidade aeróbica e nível de massa magra nas pernas de todos os voluntários ao longo desse tempo e os números mostraram que não houve diferença entre os dois grupos. Quem pedalou e quem fez as séries no legpress alcançou níveis semelhantes de hipertrofia.

Gentil explica que nos últimos tempos tem-se descoberto que para o músculo ganhar força, ele não precisa pegar peso necessariamente. ‘’Na verdade, o corpo não sabe que você está pegando peso ou o número de repetições que fez. Ele interpreta gatilhos. Você aciona gatilhos internos e isso acontece pelo esforço”, esclarece.

Na avaliação do pesquisador, estudos como esse vão impactar a dinâmica da prescrição de exercícios e ainda farão com que velhos mitos caiam por terra. Além de agradar quem não gosta de musculação, a descoberta é positiva para outros perfis de pessoas, como idosos. “Já sabemos que vários estudos associam a força nas pernas à expectativa de vida. Então sem dúvidas é um campo de possiblidades que se abre com esses resultados,” avalia Gentil.

Em relação a outros exercícios aeróbicos, como corrida, não há ainda pesquisas consistentes que apontem para o mesmo resultado. Na visão de Paulo, não há como ter certeza disso já que o intervalo do movimento durante o running é diferente do movimento na bicicleta, o que pode não levar à exaustão, como acontece na bike.