*Por Rafael Duarte, da Miramundos

Lesões sempre rondam a rotina de quem pratica esportes com intensidade. Nos últimos meses, tive a chance de comemorar, ainda que parcialmente, a recuperação de uma que vinha me incomodando há uns quatro anos –por causa dela, não pude praticar corrida durante esse período.

Depois de um treino pesado de duas horas de trail running na Floresta da Tijuca, em que exagerei na dose (haja arrependimento!), senti uma forte dor nas laterais dos joelhos. Trata-se de uma das lesões mais comuns entre ciclistas e corredores, a síndrome do trato iliotibial.

Rafael Duarte na esteira da academia Bodytech

Naquele primeiro momento, ainda sem conhecer o diagnóstico, corri para um ortopedista, pois mal conseguia andar. Ele me recomendou radiografia, tomografia e ultrassonografia, além de sessões de fisioterapia –aquilo que eu mais esperava para aliviar a dor. Nem com todas essas “grafias” eu consegui um veredicto sobre minha condição e como tratá-la. Com repouso, a lesão adormeceu. Mas não sumiu. Quando a dor passava, eu tentava voltar a correr, mas conseguia ficar no máximo 10 minutos (ou cerca de 2km) na atividade, sem sentir dores.

Como a lesão poderia prejudicar diretamente meu trabalho na Miramundos (o site oficial está aqui) e minha atividade profissional em campo, decidi deixar a corrida de lado e me concentrar apenas em treinos de bike para a parte aeróbica, pois, além de ser minha modalidade principal naquele momento, com objetivos concretos, sem os impactos eu não sentiria a lesão.

O tempo passou e aquela “cicatriz” ficou. Será que teria que me “aposentar” da corrida tão cedo, aos trinta e poucos anos? Seria triste. Para o condicionamento físico, vocês sabem, a corrida é uma modalidade incrível e eu não queria abandoná-la de vez.

Então, depois de anos me concentrando também no fortalecimento da musculatura das pernas e das articulações, busquei novas opiniões para ver se havia uma saída. Foi aí que veio a virada. Em uma consulta em maio com meu fisioterapeuta, Alessandro Sena, veio a luz no fim do túnel. Foi ele que me explicou o que aconteceu de fato: “Os principais fatores que levam ao aumento da tração na banda iliotibial são disfunções biomecânicas que promovem dor na lateral do joelho. Nos movimentos repetitivos, por exemplo, na corrida, essa banda de tecido fibroso fica ainda mais fibrosa como uma forma de proteger o corpo do estresse fisiológico”, descreveu.

A partir daí, ele me prescreveu um tratamento simples e que eu poderia fazer em mim mesmo na Bodytech para relaxar o tendão que estava rígido. O divisor de águas na minha recuperação se deu quando tratei com seriedade os alongamentos na região e a liberação da região do tendão com o uso do rolo para liberação miofascial de forma gradativa, respeitando minha dor e com supervisão do professor Bruno França, da Bodytech Gomes Carneiro, em Ipanema (RJ).

Após uma melhora significativa nas primeiras semanas, o Bruno me instruiu a fazer uma série de liberação diariamente, principalmente antes de correr. Além do uso do rolo, que foi o maior diferencial, fiz também exercícios que simulam os movimentos da corrida, alongam os músculos envolvidos e fortalecem os pequenos músculos responsáveis pelo equilíbrio.

O rolo para liberação miofascial ajudou no tratamento das lesões de corrida

Para marcar esse novo momento pessoal do ponto de vista físico, me inscrevi na minha primeira corrida de rua oficial. O objetivo foi criar pra mim mesmo uma meta e estabelecer uma rotina de treinos com alvos semanais, aumentando a distância paulatinamente desde que não sentisse dores. Nos três meses de treinamento, passei dos 2km para 3k, dos 3km para 4km e, agora, para 5km, uma módica distância para muitos, porém, neste momento, para mim, representa uma verdadeira maratona.

O grande dia será neste domingo, dia 4 de dezembro, no Circuito das Estações, no Aterro do Flamengo. Minha meta é singela: completar a corrida de 5km sem sentir dor. Como nas últimas semanas já estou conseguindo essa distância em um ritmo moderado, abaixo do ritmo (pace) de 6’/km, se me sentir bem no dia terei uma segunda meta: completar com ritmo médio de 5’30”/km. O que tinha que fazer já foi feito até o momento. Se conseguir cumprir minha meta sem sentir a lesão, será o momento de dar novos passos.