*Por Priscilla Martins, endocrinologista

A dieta cetogênica consiste, resumidamente, numa redução importante da ingestão de carboidratos. Nessa dieta a ingestão de hidratos de carbono vai variar, em média, entre 20g e 50g por dia. Essa diminuição importante na quantidade de carboidratos gera uma alteração do metabolismo energético em que o organismo deixa de usar a glicose como combustível (que vem dos carboidratos) e passa a usar os corpos cetônicos (proveniente da gordura) como fonte de energia. Esse processo é chamado de cetose.

Numa dieta “normal”, mediterrânea, por exemplo, a proporção de energia entre os macronutrientes é de 45-60% para carboidratos, 25-35% para as gorduras e 10-25% para as proteínas. Numa dieta cetogênica, a proporção de gorduras sobe para os 60-80%, proteína entre 10-20% e 5-20% de carboidratos. Ou seja, na dieta cetogênica há uma diminuição no consumo de carboidratos, aumento no consumo de gorduras (preferencialmente gorduras boas) e manutenção do consumo de proteínas.

Esse tipo de dieta possui o benefício de diminuir o apetite por modulação nos hormônios do apetite e pelo próprio efeito dos corpos cetônicos em reduzirem o apetite. No estado de cetose, há uma aumento da quebra de gorduras (lipólise) e diminuição da formação (lipogênese).

Existem alguns estudos que sugerem que nesse tipo de dieta há maior gasto calórico (para o processo de formação dos corpos cetônicos haveria maior gasto energético pelo organismo), no entanto, não há evidências suficientes para afirmar que isso realmente aconteça. Estudos realizados com essa dieta em diabéticos sugerem melhora do controle glicêmico, a redução da necessidade de drogas antidiabéticas, além da perda de peso em curto e médio prazo.

Os efeitos dessa dieta em longo prazo são pouco claros. Alguns efeitos colaterais como dores de cabeça, cansaço, fadiga muscular e constipação podem dificultar a sua adesão. Esse tipo de dieta não é indicada para mulheres grávidas ou em período de amamentação.

A suplementação de vitaminas e minerais pode ser necessária visto que a dieta cetogênica pode não fornecer as quantidades adequadas para o organismo manter seu funcionamento metabólico normal. Como já disse em outros posts, a melhor dieta é aquela que a pessoa melhor se adapta e consegue manter ao longo do tempo. Alguns estudos mostram que não existe uma grande superioridade da dieta com pouco carboidrato sobre uma dieta tradicional com pouca gordura para o emagrecimento e para a melhora do padrão metabólico.

No entanto, a dieta cetogênica pode ser uma opção interessante para as pessoas que a toleram bem e conseguem mantê-la com as suas devidas adequações. Já fez o teste? Consegue viver bem com a redução de carboidratos? Talvez essa seja uma estratégia adequada para você. Para a perda de peso, voltamos ao mesmo de sempre. Escolha uma dieta que você goste e que consiga manter. Independente do tipo de dieta, tenha disciplina, mantenha uma rotina de exercícios, movimente-se mais e consulte sempre profissionais de confiança.