Sabrina Custodia da Silva, de 23 anos, coleciona inúmeros títulos: campeã do Triathlo Possabilities, na Califórnia, nos Estados Unidos, campeã brasileira do Circuito Brasil Caixa Loterias nos 100 metros rasos e campeã dos Jogos Abertos do Interior nos 100 e 200 metros rasos e no Salto em Distância, entre outros. Embora tenha tantos prêmios, a jovem virou atleta há apenas três anos, quando sua vida passou por uma reviravolta.
No dia 15 de julho de 2010, Sabrina estava de folga do seu trabalho como adestradora. “Estava meio chuvoso e frio, então resolvi dar um banho de creme no meu cabelo e assistir televisão, só que não estava pegando. Subi na laje da minha casa para arrumar a antena que o vento tinha virado para o lado contrário ao que tinha de ficar”, conta a atleta. No momento em que Sabrina estava virando a antena, ela entrou em contato com o fio de alta tensão do poste que fica em a sua casa, no Grajaú, em São Paulo. “Na hora, tentei puxar minha mão, mas não deu tempo. O choque me grudou, não conseguia soltar”.
A mãe de Sabrina estava na sala, vendo se a televisão voltava a funcionar, quando o objeto explodiu. Ela chamou pela filha, que não atendeu. “Na hora, escutei ela chamar mas não consegui responder pois fiquei paralisada. Não conseguia falar, muito menos me mexer.
Depois de uns segundos, minha visão foi escurecendo e desmaiei”. Sabrina foi socorrida pelos vizinhos, que, ao conseguirem chegar à laje – a escada de acesso era de ferro e deu um pequeno choque na mãe da atleta – viram que ela estava acordando, com os dedos tortos. As pontas das unhas do pé estavam pretas porque torraram e, ao cair, Sabrina bateu a cabeça no muro e fez um corte que sangrava muito. “Cada pingo de chuva que caía na minha pele me dava um choquinho”. A descarga foi de 13 mil volts.
Depois de uns 30 minutos, o resgate chegou e a levou para o Hospital das Clínicas, onde passou três meses fazendo cirurgias. Foram nessas operações que a jovem teve as mãos, um pedaço da perna direita e os dedos do pé esquerdo amputados.
Atualmente, Sabrina usa uma prótese na perna. “Não uso as dos braços pois incomodam e pesam, e consigo fazer as coisas melhor sem elas”.
Hoje, Sabrina é paratleta. Compete – e vence – provas de Triathlon e atletismo. Aluna da Bodytech Eldorado, onde pratica natação e musculação e, às vezes, bike e esteira, ela tem um sonho que não está distante: “o que mais me motiva a treinar é a vontade de realizar meu sonho de ir para as paralímpiadas”.