Conhecidas por muitos como as capitais brasileiras do vento, Jericoacoara e Preá também oferecem bastante diversão para os que ainda não velejam. Começarei este post, então, dando dicas do que fazer na região, onde se hospedar e como chegar (já que não é tão fácil assim). Depois falarei um pouco dos picos de kite e wind, e, se você ainda não conhece os esportes, darei dicas das melhores escolas pra você aprender. Uma coisa é garantida: aqui tem diversão pra todo mundo!

Pra você que quer velejar, é importante saber que Jericoacoara é um pico mais de windsurf, apesar de possuir locais onde o kite é permitido. Jeri tem uma estrutura maior para o windsurf, e Preá, para o kitesurf.

jericoacoara

Como chegar?

A melhor maneira de vir para Jeri e Preá é voando para Fortaleza e, de lá, pegar um transfer. Jericoacoara é um parque nacional, que está a 300km de Fortaleza, sendo os últimos 15km de areia e terra. Por isso, é importante pegar um bom transfer e necessariamente um 4×4. Preá e Jeri ficam a 12km de distância apenas. Não é recomendando alugar um carro, já que você terá que gastar bastante e não poderá usá-lo em Jeri, pois o acesso de carro é proibido, além de ser extremamente difícil. Se mesmo assim você quiser, é necessário deixá-lo no estacionamento na entrada da cidade. A melhor alternativa, na minha opinião, é contratar o serviço de um carro 4×4, que, mesmo não sendo o mais barato, é mais seguro e rápido. Existem algumas empresas que fazem esse trajeto, mas o mais barato e de confiança que achei e que me recomendaram foi o Cláudio (88-99712-7535 – Whatsapp / 85-99700-4089 Tim), que trabalha só com Hilux. O preço é de R$ 900 (ida e volta) para até quatro pessoas –e cada trajeto demora pelo menos 4 horas e meia.

Se você não quiser ficar tanto tempo em um carro, a outra opção é pegar um helicóptero por pelo menos R$ 6 mil por trajeto (fica pra próxima….). A opção mais barata, mas também a mais longa, é pegar um ônibus (diversos horários de saída do aeroporto) e trocar para uma Jardineira quando estiver mais perto de Jeri para atravessar a parte de areia e terra. Cada pessoa pagará menos de R$ 100 por trajeto, porém você irá demorar pelo menos 7-8 horas. 

Onde ficar?

Existem inúmeros hotéis e pousadas em Jericoacoara, e, em Preá, há menos opções, mesmo sendo uma cidade maior. Em Jericoacoara tem hospedagem para todos os perfis, das pousadas de R$ 150 até os hotéis de R$ 1.000 (a diária). O hotel que fiquei, que aparenta ser a melhor opção de Jeri, é a Vila Kalango (em termos de preço, está no meio termo dos citados acima). Um hotel com poucos quartos, bem rústico e com todo o conforto, além de contar com um excelente restaurante e uma escola de windsurf. Ele fica localizado de frente para a praia e do lado da duna do pôr do sol, que, como o próprio apelido já diz, oferece a vista perfeita para o momento.

Em Preá, existem menos opções de hotéis, mas não quer dizer que sejam piores. Se você está vindo velejar, não precisa nem pesquisar; o Rancho do Peixe é o seu destino. Todos os quartos são bangalôs super-rústicos (lindos!), espaçosos e com todo o conforto pra relaxar depois de horas de kite. O bangalô é bem aberto, então você realmente se sente em uma cabana isolada no meio da praia (porém com todo o conforto de um hotel). E o que mais interessa: o pico de kite fica em frente do hotel. Que ainda por cima conta com toda estrutura pra prática: mais de 20 professores, guardaria, bomba de ar pra encher a pipa, água doce para limpar seu equipamento, restaurante/bar e um pessoal muito simpático e prestativo. Não tinha como ser pior na maior escola de kite do mundo (Rancho do Kite)! Definição de paraíso! Se você não veleja, o hotel ainda é uma boa opção por toda a sua estrutura e charme, e Jeri fica apenas a 30 minutos de distância (o hotel oferece transfers diários e você também pode pegar um bugre).

jericoacoara 

O que fazer?

Não falta o que fazer na Região de Jeri e Preá, sendo um velejador ou não. Existem programas que você pode fazer em Jeri mesmo, e outros dois de bugre que você sai de manhã (9h-10h) e volta de tarde (14h-15h).

Os programas de dia inteiro são o de Tatajuba e o das Lagoas e custam por volta de R$ 220 a R$ 250 (cada um). Um bugre de confiança é o do Gomes (88-99636-2067), que nos levou para os dois passeios, foi muito simpático e explicou todas as atrações, sem preguiça ou pressa pra voltar.

O de Tatajuba começa com uma parada pra ver os cavalos marinhos em um braço do mar em uma área de proteção, depois segue pela areia, atravessa uma balsa, e passa por um mangue seco, que é maravilhoso e tem vários balanços pendurados nas árvores. Muito bonito, mas não precisa ficar muito tempo lá. A próxima parada é um local que tem umas pequenas construções com a areia petrificada.

Você segue, então, para a maior duna da região (maior atração do passeio), onde você consegue alugar sandboard ou “esqui-bunda” por R$ 5 e anda o quanto aguentar (não muito tempo pelo calor, ainda mais se você subir a duna para voltar), e você ainda tem a opção de voltar para o topo de quadriciclo por mais R$ 5 por vez.

dunas

Para se limpar da areia, o próximo destino é um lago formado pela chuva, onde existem quatro restaurantes que oferecem o “cardápio ao vivo”. O que é isso? O garçom vem com os peixes inteiros, e você escolhe o seu para ser grelhado. Você tem a opção de alugar stand-up e caiaque, além de poder relaxar do passeio nas redes dentro da água. Depois é só curtir o caminho de volta. Não esqueça de levar bastante protetor!

O Passeio das Lagoas tem menos paradas e é basicamente conhecer a Lagoa Paraíso e a Lagoa Azul, duas lagoas formadas pela água da chuva. Esse passeio é mais perto de Preá, logo, se você for para as duas cidades, é melhor deixá-lo para quando estiver hospedado por lá. O programa consiste em relaxar na lagoa e aproveitar suas águas que ficam cristalinas na beira. As famosas redes dentro da água começaram lá e realmente são excelentes para dar uma boa descansada. Você consegue alugar stand-up e caiaque e, se tiver sorte, consegue até velejar!

Os dois programas valem a pena se você ficar pelo menos três dias por aqui, senão acho que só o das lagoas fica de bom tamanho, e o resto do tempo você conhece bem a cidade e aproveita a praia.

Jeri oferece outros programas na própria cidade. Você pode alugar um cavalo (ou uma charrete) para conhecer a região. Você tem que ir ver o pôr do sol das dunas e na Pedra Furada. A noite tem a rua principal (toda de areia) onde existem vários restaurantes e agito.

por do sol

Durante o dia, a praia e seus restaurantes são as melhores opções (que maravilha é essa comida nordestina!). E você não pode deixar de tentar aprender kite e windsurf porque lá as condições são ideais! Aulas de wind você encontra em vários lugares na praia, e de kitesurf recomendo aprender no Rancho do Peixe.

Onde e quando velejar?

Vamos ao que interessa: Jericoacoara e Preá são os paraísos brasileiros do vento, não existe lugar melhor pra velejar no Brasil do que lá. Isso por causa do vento, que é constante, e das praias, que são extensas e oferecem bastante espaço para decolar seu kite com tranquilidade, além de terem vários lugares em que a água bate na cintura para aprender e se aperfeiçoar no esporte.

A melhor época, quando o vento está mais forte, é de meados de julho até outubro, sendo setembro o melhor mês. No entanto, o vento é constante o ano inteiro, só a força que diminui. Se faz sol no dia, com certeza terá vento. Estive lá no começo de julho, e o maior kite que usei foi um 10 (e o menor foi um 8, pesando 80kg).

kite

Esclarecendo uma pequena confusão: Jericoacoara é um pico mais famoso pelo windsurf, e o melhor local é reservado para a prática exclusiva do wind, porém existem, sim, lugares para praticar o kite. Inclusive, um dos lugares que mais gostei de velejar foi em uma lagoa bem pequena, entre as dunas de Jeri.

Porém, o lugar é bem pequeno e quando vai muita gente, velejar fica bem perigoso. Além disso, como é um lago de chuva, só tem água em certas épocas do ano. Também tem uma área reservada no mar para o kitesurf, porém ele é um pouco afastado do centro.

Assim, se você estiver vindo com o foco de fazer kitesurf e, em segundo plano, conhecer a cidade, Preá é o seu destino, já que Jeri está a 20-30 minutos de distância.

O lugar onde mais velejei foi no Rancho do Kite, que fica no Rancho do Peixe e é, se não for a maior, uma das maiores escolas de kite do mundo. Ela oferece toda a estrutura para o velejo, facilitando bastante as coisas e dando segurança para você. Se quiser fazer aula, eles trabalham com os melhores professores e todo equipamento Cabrinha do ano. Além de ter o fotógrafo lá direto tirando foto.

Outro lugar em que gostei muito de velejar, também um bom local para aprender, tirar foto e ser o ponto de start de um downwind é a “Barrinha”, a uns 12km ao leste de Preá (tem que ir de bugre). E o que é tão especial é que você consegue entrar no mar e andar quase 1km com a água batendo no máximo no peito. Ou seja, perfeito para você aprender e se aperfeiçoar no esporte.

Depois de praticar as manobras e tirar as fotos, você pode ir descendo a praia junto com o vento leste em um downwind até o Rancho do Peixe ou até mesmo Jeri, com o bugre te acompanhando pela areia por segurança (até o Rancho).

kitesurf

Se você quiser um downwind mais longo, de 300km (ou até 600km se você tiver disposição), parando em varias cidades, o pessoal do E-Group oferece o “Surfin Sem Fim”. É um grupo de pelo menos 8 pessoas que vão com a melhor estrutura de segurança (carro + mar) velejando 3-4 horas todos os dias até chegarem no Rancho do Peixe.

*Rafael Hansen é um apaixonado por fotografia e esportes radicais e busca conhecer e experimentar todos os tipos de modalidades “extreme” possíveis, dos esportes mais comuns, como o surfe e o snowboard, aos menos populares, como mountainboard. Ele viaja por diversos cantos do mundo buscando boas condições para praticar seus esportes e conhecer novas modalidades. Todas as suas aventuras são compartilhadas com seus seguidores no programa “Endorfina”, do canal Woohoo, no Instagram @RafaHansen e em seu blog. O grande intuito é repassar o lifestyle e incentivar as pessoas a se tornarem mais ativas e saudáveis.