Quando levamos um esporte específico mais a sério, as pessoas ao nosso redor começam a achar que somos fera naquele esporte e começamos a receber alguns pedidos dos amigos.

Qual surfista nunca ouviu: “Vamos marcar aquele surfe, tô querendo aprender!”

Ou quem joga altinha ou futevôlei que nunca ouviu: “Comprei uma bola! Me ensina a jogar?”

Nos últimos anos, o que mais ouço é: “Me ensina a andar de stand-up? Vamos marcar de ir até alguma ilha remando?” Confesso que não é muito divertido para quem domina um esporte praticá-lo com um iniciante, mas acabamos fazendo isso pelos amigos com prazer.

Foi nessa boa vontade que um dia levei duas amigas para ir até as Ilhas Tijucas depois de muita insistência. Antes de fazer o passeio, perguntei às duas se sabiam remar, e ambas falaram que sim.

Saímos um pouco tarde e chegamos à praia já por volta de 11h da manhã. Avisei que não era o horário ideal, que achava melhor irmos outro dia, mas elas insistiram e acabei convencida.

Quando fazemos passeios em que vamos nos afastar da costa é sempre importante dar uma olhada na condição do mar: se a previsão é de ondulação, vento etc. Isso vale sobretudo quando vamos remar de stand-up: é importante sair bem cedo para evitar o vento, ainda mais quando o passeio é mais longo.

Naquele dia, saímos do comecinho da Barra já no horário inadequado e fomos remando em ritmo lento. É possível ver as Ilhas Tijucas facilmente da praia, e a sensação é de que elas estão bem perto.

A todo o momento perguntava se ambas estavam bem. De repente, vejo uma delas pálida e percebo que está enjoada. Aviso para dar um mergulho, e ela me diz que não, pois tem medo de tubarão. Rs! Naquele momento, fiquei um tanto brava: como alguém me pede para ir remar até as Ilhas Tijucas e tem medo que apareça um tubarão na Barra?

Ela começou a passar mal e junto com isso o vento começou a entrar. Vi que estávamos sendo levadas e pedi para que ela se esforçasse para remar senão íamos ser arrastadas para longe. Ela não conseguiu, então amarrei o “lash” dela no meu pé para tentar rebocá-la.

Para minha sorte, o dono do quiosque de onde saímos viu que estávamos demorando e mandou um resgate. Apareceu um jet ski e levou uma delas. Pedi então para a outra menina remar com mais força para que pelo menos conseguíssemos chegar até a praia. Depois de umas 3 horas com vento contra conseguimos chegar. Obviamente fomos parar uns 3 postos depois de onde partimos inicialmente.

Chegando na areia, pedi para um casal na praia levá-la até onde saímos com a prancha e continuei a saga da remada pelo mar de volta ao quiosque de onde partimos… Mais umas 2 horas de remada, chego exausta e penso que poderia ser facilmente um episódio do meu programa no canal Off , “Quatro Remos” .

Contamos esse episódio para os amigos às gargalhadas, mas a verdade é que é extremamente perigoso remar longas distâncias sem preparo, sem água e com as condições erradas. Procure sempre ir com quem está acostumado. Hoje em dia, há muitos clubes de remo que organizam passeio e alugam pranchas para ninguém precisar passar por essa roubada.

A estrutura desses lugares costuma ser muito bacana –alguns têm visual deslumbrante, e outros ainda têm comidinhas especiais. É um programão!

Seguem abaixo alguns deles:

Espaço Pura vida:
Tem um menu vegetariano incrível, aluguel de stand-up, passeios de canoa e ainda rolam uns showzinhos no fim de tarde.
End: Barrinha, logo na saída da ponte da Joatinga à direita (saída do túnel que chega à Barra da Tijuca). Tel.: (21) 98374-4448.

Casa do Remo:
Com um visual sensacional da Restinga de Marambaia, de lá é possível ver tartarugas e remar entre os mangues. Sem ondulação e com pouco vento, é ideal para iniciantes, mas é importante prestar atenção na entrada e na saída da maré para não pegar uma correnteza contra forte –mas isso os funcionários da casa saberão sinalizar. Depois você ainda pode se deliciar com uma vasta opção de restaurantes de frutos do mar na estrada de Barra De Guaratiba.
End: Estrada Roberto Burle Marx 8.750, Barra de Guaratiba. Tel.: (21) 3305-3003

Raja Club:
Tem aluguel e venda de equipamentos, professores, passeios a ilhas, chuveiro e bar com comidinhas saudáveis.
End: Ilha da Coroa, casa 9, Barra da Tijuca. Tel.: (21) 3486-4113

Carioca, Karina Vela trabalha como consultora de estilo para grifes, pinta quadros e viaja o mundo para gravar o programa “Quatro Remos” (que vai para a 4ª temporada no canal Off), em que faz travessias em canal aberto de pé em uma prancha de stand-up paddle ou sentada em uma canoa havaiana.