Quantas vezes você já se pegou pensando ou ouviu alguém dizendo que precisa tirar férias? Apesar de ser um direito, por diversos motivos que variam de acordo com a realidade de cada um, as férias muitas vezes ficam para depois, ou sequer existem, e aí é que mora o problema. De acordo com o psicólogo Renato Caminha, mestre em Psicologia Social e da Personalidade pela PUC-RS, se desligar por algum tempo das tarefas diárias é fundamental e abrir mão disso tem consequências em várias áreas da nossa vida. 

Hora de quebrar a rotina

Você é daquelas pessoas que fica animada só em pensar nas férias ou que se sente culpada por tirar uns dias de descanso? Segundo Caminha, é essencial para o corpo e a mente tirar uns dias para relaxar. “O ideal das férias é uma quebra total da rotina. É como se você trabalhasse durante o ano inteiro no piloto automático, cumprindo funções, e durante esse momento conseguisse se desvincular do que é estressante. Quando você está viajando, por exemplo, para um lugar completamente novo, há um desligamento do cérebro e  isso altera a sua percepção de tempo. Ao descobrir outra cultura, novas pessoas e outra língua, por exemplo, parece que estamos naquele lugar há muito tempo, porque nossa atenção e o foco estão voltados para esses estímulos. Já quando estamos na nossa realidade, isso não acontece. Parece que o tempo passa mais rápido e quando vemos, já é segunda-feira de novo”, explica o terapeuta cognitivo. 

Para aqueles que preferem vender alguns dias, pela renda extra, Caminha faz um alerta e diz que essa atitude pode ser prejudicial à saúde. “Você acaba mantendo níveis elevados de estresse e liberando hormônios, como cortisol e adrenalina. Em doses elevadas e em permanência na corrente sanguínea, eles são favoráveis ao desenvolvimento de doenças, afetando, inclusive, nosso sistema imunológico”, aponta.

Quando se desligar torna-se difícil 

Se você tem dificuldade de se desligar da rotina, Caminha aconselha a procurar ajuda profissional. Ele explica que pessoas que têm responsabilidades financeiras pesadas, por exemplo, tiram um dia de descanso e ficam com a sensação de que estão fazendo algo de errado. Isso está relacionado aos princípios que ficam impregnados na nossa infância. Como, por exemplo, das pessoas que dormem até tarde ou não cumprem sua rotina têm menos valor perante à sociedade. “Se você tem essas crenças e se cobra muito, é importante resolver as causas internas com um acompanhamento psicológico”, sugere o  especialista.

Viva o “ócio criativo”

Se o dinheiro apertar, é possível aproveitar o tempo livre dentro de casa, caso consiga sair da rotina e descansar – o que se torna um pouco difícil dentro do mesmo ambiente. Caso isso aconteça, permita-se viver o “ócio criativo”. O profissional de saúde explica que essa  expressão foi criada pelo sociólogo italiano Domenico de Masi para explicar como um tempo livre ou o justo equilíbrio entre trabalho, estudo e descanso favorece a sua criatividade. “Precisamos ter oito horas de sono, oito de trabalho e as mesmas oito para o ‘ócio criativo’. Liberar o cérebro de suas funções e se encontrar no tédio ajuda a desenvolver a criatividade e a maior capacidade de resolução de problemas”, finaliza Caminha.