É possível falar que receber o diagnóstico de diabetes é um processo tranquilo? Não. Mas com as informações corretas e o acompanhamento médico adequado há grandes chances de ter uma vida saudável e sem preocupação. Em 14 de novembro, é celebrado o Dia Mundial de Combate a Diabetes e conversamos com a endocrinologista Patricia Barretto Mory Del Vecchio, do Hospital e Maternidade Brasil da Rede D’Or São Luiz, para entender um pouco mais sobre a doença, como preveni-la, quais os tratamentos, fatores de risco e muito mais.
De acordo com a médica, a diabetes é uma doença crônica na qual o corpo não produz insulina ou não consegue trabalhar bem com a que produz. A insulina é um hormônio que controla os índices glicêmicos no sangue. O corpo precisa dele para usar a glicose, obtida através do que comemos, como fonte de energia.
Quais os primeiros sinais da diabetes do nosso corpo?
Os primeiros sinais são tardios e isso indica que a diabetes já está agindo no organismo há um certo tempo, explica a especialista. Alguns sintomas perceptíveis são sede e fome incessantes, vontade de urinar constante, fraqueza, fadiga e náuseas. O ideal é que, assim que o corpo apresentar esses indícios, o paciente procure ajuda médica, pois, se esse quadro permanecer por um longo período, pode haver consequências mais graves.
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), atualmente, no Brasil, há mais de 13 milhões de pessoas vivendo com essa doença, o que representa 6,9% da população. E esse número não para de crescer devido a fatores de risco como predisposição genética, sedentarismo, alto consumo de álcool e bebidas industrializadas, ingestão de alimentos ultraprocessados e com índices elevados de açúcares na composição, ou seja, má alimentação.
Diabetes tipos 1 e 2: qual a diferença?
Existe um órgão responsável por produzir hormônios importantes para o sistema digestivo: o pâncreas. É ele que fabrica a insulina que determina se essa glicose vai ser utilizada como combustível para as atividades do corpo ou será armazenada como reserva, em forma de gordura.
Patricia Mory explica que, quando esse órgão não funciona, a glicose fica parada no sangue, ao invés de ser usada como fonte de energia, e assim temos o caso da diabetes tipo 1. A de tipo 2 se manifesta pelo mau processamento da insulina ou produção hormonal inadequada para controle das taxas glicêmicas.
“A 1 precisa de reposição da insulina e é mais comum em crianças e adolescentes por ter forte influência genética. A tipo 2 é mais comum em adultos, tem prevenção e um tratamento menos complexo. Alimentação saudável no dia a dia, exercícios físicos regulares e o uso de remédios prescritos por especialistas são algumas formas de conseguirmos cuidar dessa doença, que é crônica, e vai acompanhar a pessoa pelo resto da vida”, afirma.
Outro fato relevante citado pela endocrinologista é que pacientes com diabetes não podem abdicar do consumo de açúcares, pois o corpo necessita armazenar energia proveniente de alimentos “açucarados”. Porém, a recomendação de Patricia é ter uma alimentação baseada em ingestão de fontes de açúcar com absorção lenta e complexa como o arroz, pães e massas integrais, frutas, sucos naturais, adoçante no lugar do açúcar refinado, aveia, fibras, entre outros.
Como cuidar para ter uma vida tranquila e sem neuras?
A SBD indica que um simples exame de sangue pode revelar se alguém tem diabetes. Com uma gotinha de sangue e alguns minutos de espera, é possível saber se há alteração na taxa glicêmica. Caso a variação seja considerável, será necessária a realização de outros exames mais aprofundados.
O controle do nível de glicose no sangue para evitar complicações é um dos procedimentos mais importantes. A medição pode ser feita por meio de um monitor de glicemia ou por meio de bombas de insulina, mas os dois tipos de aparelho devem ser adquiridos e usados com orientação médica.
Diabetes pode ser um fardo se não identificada prontamente ou se o cuidado diário não for o necessário. É possível viver com a doença sem grandes problemas, mas também é preciso um esforço para cuidar da alimentação, praticar atividades físicas com frequência e buscar o acompanhamento médico ideal de acordo com a necessidade do ou da paciente. Diabetes não tem cura, mas tem cuidado e prevenção.