A depressão é uma doença cercada de estigmas. Ela encurta a qualidade e expectativa de vida das pessoas, e possivelmente, já existe desde que o Homo Sapiens iniciou sua jornada no planeta Terra. Ao longo da história, vamos encontrar descrições de quadros que são bem próximos ao que entendemos sobre depressão no século 21, tanto nas escrituras bíblicas do Velho Testamento quanto em mitologias de diversos cantos do mundo. 

Por muito tempo, a depressão esteve associada as fraquezas de caráter ou moral e outras explicações absolutamente não científicas. E ainda hoje é uma doença cercada de preconceito. Mas combater o estigma associado às doenças mentais salva vidas! Para entender melhor sobre essa doença, sintomas e os possíveis tratamentos, o blog da BT conversou com a psicóloga clínica, Liliana Seger,  especialista em Psicologia Clínica e Psicologia Hospitalar pelo Conselho Regional de Psicologia de São Paulo.

O que é a depressão? 

Segundo Liliana, quando falamos em depressão, primeiramente, temos que saber a diferença entre depressão e tristeza. A depressão possui vários tipos, como a depressão maior que é mais forte e mais grave, a distimia que é uma depressão crônica que causa alteração do humor, irritabilidade, além de baixa autoestima, desânimo e tristeza, a depressão ansiosa, a depressão pós-parto e a depressão psicótica. “Se a gente falar dos sintomas mais comuns que são muita tristeza e falta de realizar alguma atividade do dia a dia, talvez o mais importante seja deixar claro a diferença entre tristeza e depressão” comenta a psicóloga. 

Liliana explica que a tristeza é um sentimento que acomete a gente quando algo que aconteceu em nossa vida nos deixa triste, como por exemplo, a morte de alguém próximo, divórcio ou perda de emprego, mas ela tem um fim. É importante pontuar que é natural e saudável sentir tristeza, deixar as emoções fluírem e entender cada sentimento que se apresenta também faz parte do processo. Já na depressão a pessoa fica por um tempo prolongado recolhida, mas não necessariamente por algo que tenha acontecido de fato. Então ela se sente triste, não consegue fazer as coisas, não quer tomar banho, não quer levantar, é algo muito mais forte. Muitas das vezes também a depressão não aparece só em forma de tristeza, mas com uma alto crítica e irritabilidade exacerbadas.

Como ela afeta o dia a dia?

A depressão é uma das doenças mais comuns no mundo e afeta consideravelmente a saúde física e o bem-estar. Isso porque, além da tristeza profunda, a depressão pode fazer com que a pessoa se sinta cansada o tempo todo e sem interesse em fazer coisas que costumavam trazer prazer. Há também o impacto negativo da depressão no sistema imunológico, deixando o paciente mais vulnerável a infecções e doenças. 

“As pessoas ficam mais isoladas, chorosas, irritadas e tem alterações no apetite. Por isso, é necessário perceber se é uma depressão leve ou crônica, na qual a pessoa tem muita angústia a maior parte do tempo, não faz mais coisas que estava acostumada a fazer, fica com baixa autoestima, falta de energia, tem insônia, ou quer dormir demais, sintomas que também estão relacionados ao estresse. Uma pessoa que começa a sentir mudanças no seu comportamento deve ficar atenta e procurar uma avaliação, porque for diagnosticada com depressão, ela pode ser leve, moderada ou severa, e o ideal é diagnosticar o quanto antes para receber o tratamento de forma específica” explica Liliana. 

Qual tratamento para essa doença?

A pessoa com depressão inicialmente deve se consultar com um médico e um psicólogo. Muitas vezes, a visita a um psiquiatra também pode ser necessária. Tudo vai depender da fase em que a doença estiver, assim como da intensidade de suas manifestações. Por sua vez, sessões de psicoterapia costumam ser recomendadas, mesmo nos casos mais leves. Da mesma forma, o psiquiatra pode prescrever medicação específica (antidepressivos). Da consulta com o profissional de saúde, serão definidos os caminhos para o tratamento mais adequado a cada caso.

Não se pode deixar de lado as diferentes abordagens complementares ao tratamento clássico, uma vez que são muito eficientes. Assim, devem ser consideradas, outras formas de auxílio como prática de atividade física, caminhadas, exercícios de meditação, técnicas de relaxamento e tratamento nutricional.

A atividade física pode ser uma saída?

As pesquisas enfatizam que a prática de exercícios regulares, além dos benefícios fisiológicos, acarreta benefícios psicológicos, tais como: melhor sensação de bem estar, humor e autoestima, assim como, redução da ansiedade, tensão e depressão. O benefício está no fato do exercício físico fazer o cérebro liberar neurotransmissores, que ajudam a pessoa a se sentir melhor. É a famosa alegriazinha que dá depois de dar uma corrida ou fazer aquela atividade que tanto ama. Esses neurotransmissores são as endorfinas que dão sensação de bem-estar e até diminuem a dor.