* Por Sérgio Mauricio, ortopedista
O tratamento da artrose mudou muito nos últimos anos. O que se acreditava ser uma doença de evolução arrastada, sem perspectiva de tratamento ou controle, teve alguns paradigmas quebrados. Sem dúvidas, o maior deles foi o que de pacientes com o seu diagnóstico estariam condenados ao sedentarismo, pois “gastariam ainda mais suas cartilagens”.
Hoje sabemos que a palavra “movimento” deve fazer parte do seu dia a dia. Segundo a Academia Americana de Cirurgiões Ortopédicos, as três intervenções mais importantes para artrose do joelho são:
– fortalecimento muscular
– treino de equilíbrio (propriocepção)
– exercícios aeróbicos de baixo impacto
Isso explicar por que, apesar da alta prevalência da doença, pacientes que mantêm bons hábitos esportivos e alimentares curiosamente nunca manifestaram sintomas, mesmo com a doença em graus iniciais. As atividades aeróbicas de baixo impacto estimulam a produção do líquido sinovial, que é o responsável pela nutrição e lubrificação da cartilagem.
Além disso, evitam a formação de pequenas traves fibrosas, responsáveis pela rigidez na doença. Já o treinamento de força permite uma melhor absorção de impactos, enquanto o treinamento de equilíbrio permite um movimento mais harmônico, distribuindo a carga no joelho de forma mais homogênea.
De acordo com a progressão da doença, necessitamos de mais recursos, como medicamentos, fisioterapia, infiltrações ou até mesmo cirurgia. Vale ressaltar também que, durante as crises, não é necessário que as atividades sejam 100% interrompidas.
No entanto, o limite da dor de cada paciente deve ser respeitado, e os exercícios devem ser acompanhados por um profissional especializado.
Quanto ao tipo de atividade praticada, não há uma regra, o mais importante é a qualidade e experiência do educador físico e sua comunicação com o ortopedista que acompanha o caso –isso porque o paciente com artrose necessita de uma abordagem multidisciplinar, em que todas as partes se comuniquem.
Porém, podemos fazer algumas sugestões: para o treino de força e equilíbrio optamos muitas vezes pelos funcionais, como pilates, yoga e musculação. Já para o aeróbico de baixo impacto são opções a hidroginástica, a bicicleta e caminhadas. Pacientes com artrose (ou aqueles com fatores de risco) podem e devem praticar exercício, sempre com boa orientação e acompanhamento médico regular.
*Sérgio Maurício é ortopedista, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho e da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte. Corredor de Maratona e meia-maratona, é também praticante de triatlhon olímpico e concluiu seu primeiro meio-ironman no Rio de Janeiro, em novembro de 2016. Pratica natação, musculação e Indoor Cycle na Bodytech.