Dizem por aí que ser mulher é difícil e, às vezes, é mesmo. Passar pelo ciclo menstrual todo mês, sentir fortes dores, fazer diversos exames médicos e tomar vários remédios não tem como ser tranquilo. Mas manter a mente e corpo conectados em prol da saúde com exercícios físicos pode ser a saída para tornar esse período menos doloroso.
A menstruação desceu e logo vem à mente que o dia vai ser complicado, pois a cólica vai tirar a sua paz, o desânimo vai bater e o treino vai ficar de lado. Porém, você já imaginou que praticar atividades físicas nesse momento, ao invés de aumentar esse incômodo, pode ajudar? Exercícios tem ação anti-inflamatória e não são contraindicados para mulheres que estão entrando no ciclo.
Cientistas comprovam que manter o corpo em constante movimento reduz os sintomas da Tensão Pré-Menstrual (TPM) e, a longo prazo, pode evitar a menopausa também.
O endocrinologista especialista em emagrecimento, atividade física e medicina do esporte, Francisco Tostes, afirma que a associação do treino aeróbio com o treino muscular auxilia no aumento da resistência e traz grandes benefícios para evitar o desenvolvimento de inflamações.
E não apenas a ciência afirma essas vantagens. Na prática, quem sente essas dores e busca outras formas de tratamento, para além dos métodos tradicionais com medicamentos e reposição hormonal, também reforça a importância de se exercitar para melhorar tais desconfortos.
Victoria Siqueira, 21 anos, cliente Bodytech Praia da Costa, descobriu que tinha a síndrome do ovário policístico aos 15. As dores causadas pelas cólicas menstruais, os atrasos de seis meses entre os ciclos e o mal-estar por todo corpo fizeram com que a jovem buscasse auxílio médico para descobrir o motivo desses incômodos. Desde a adolescência, a capixaba faz uso de anticoncepcionais para tratar os cistos no ovário, mas, nos últimos anos, os remédios não têm mais dado resultado como antes e o sofrimento só aumenta.
No ano passado, por indicação do psiquiatra, da ginecologista e por motivação do namorado, Victoria resolveu sair do sedentarismo para encontrar uma maneira de se sentir melhor com os exercícios físicos. Através da recomendação de uma professora da BT, ela começou praticando yoga em casa com o aplicativo do BTFIT. A modalidade foi uma alternativa aos dias que não conseguia ir à academia por falta de tempo ou para evitar exercícios intensos com carga devido às das dores do período.
Em pouco tempo de atividades, a jovem já sentia uma melhora significativa quando estava para entrar no ciclo menstrual. Normalmente, ela sentia a resistência corporal diminuir bastante e os exercícios físicos, principalmente a yoga, auxiliaram para que esse desconforto não a deixasse esmaecer.
“Costumo ter cólica até fora do ciclo menstrual por causa da síndrome do ovário policístico e o estresse influencia nas minhas crises e dores. Ainda sinto essas dores, faço tratamento e tenho a suspeita do meu caso ter evoluído para uma endometriose. Hoje em dia, as dores acontecem com uma frequência bem menor e com a intensidade mais baixa, porque os exercícios de alongamento da yoga, por exemplo, ajudam muito a suavizar os incômodos da menstruação e da síndrome”, conta Victoria.
A endometriose é uma condição inflamatória crônica e hormônio-dependente (estrogênio dependente) caracterizada pela presença de focos de tecido endometrial fora do útero. Alguns dos sintomas incluem dor pélvica crônica, dor intensa durante o período menstrual e na relação sexual, ansiedade e depressão.
A yoga, que Victoria começou a praticar, é considerada um método alternativo eficiente para a melhora de patologias como essas e até de casos mais avançados como o câncer de mama e colo do útero, por exemplo. A atividade ajuda a regular o ciclo menstrual e a manter o equilíbrio físico e emocional. Um simples trabalho de respiração, assim como os asanas (posturas) trazem estabilidade às emoções, vitalidade para o fígado e equilíbrio ao sistema endócrino.
De acordo com a instrutora de yoga sênior da Bodytech, Sandra Jacome, ou Sanny, como é mais conhecida, a modalidade ajuda no relaxamento do sistema nervoso e aumenta o fluxo de sangue e oxigênio para os órgãos reprodutores. Mas há contraindicações de posturas que podem atrapalhar a melhora desse processo, como as que comprimem a região do tórax, retroflexões, as torções e as invertidas.
“Algumas mulheres costumam se sentir muito cansadas ou com a energia muito baixa durante esta época. Eu mesma sinto fortes cólicas e sempre me preparo uns dias antes com movimentos precisos para diminuir a dor. Então mude o foco, não tente melhorar e nem se aprofundar nas posturas, apenas sinta sua conexão com seu corpo e com a mãe Terra. Use almofadas, cintos e blocos para apoiar o quadril, pernas e cabeça, assim você permite que o corpo permaneça passivo, mas conectado com seu eu interior. Seja quais forem as posturas que escolher, pense no seu bem-estar”, indica Sanny.
Dentre os movimentos da modalidade, os pranayamas (exercícios respiratórios) são aliados para trazer calmaria mental durante a menstruação. O mais indicado é o viloma, um tipo de respiração com intervalos, que pode ser feito deitado com apoio sob as costas e a cabeça. A recomendação é que a pessoa inspire, pause em três partes e daí faça uma pausa mais longa; depois expire, pause em três partes, faça uma pausa e recomece.
Se você quer começar a praticar ou já faz e deseja se aprofundar um pouco mais no universo de possibilidades que a yoga pode oferecer, Sanny separou três movimentos que contribuem para trazer mais conforto durante o período menstrual:
SuptaBaddhaKonasana – alívio das cólicas menstruais, espasmos e peso no útero; diminuição da pressão na região pélvica; abertura do peito; clareza da mente e calma aos nervos em períodos de estresse;
JanuSirsasana – tônus sobre os órgãos reprodutores e os músculos que os sustentam; alívio das cólicas e da irritabilidade da TPM e ansiedade;
ViparitaDandasana – alívio da depressão e da fadiga; abertura do peito, o que favorece a respiração e a circulação; ânimo e revigoramento do corpo inteiro.
