Pesquisas recentes mostram que alguns alimentos, assim como as drogas, podem gerar sintomas de dependência química em crianças e adolescentes. O número de pessoas com excesso de peso e com doenças crônicas relacionadas à alimentação crescem rapidamente no mundo todo. E porque o excesso de peso está ficando cada vez mais frequente? Os estudos sugerem que esse quadro tenha piorado nos últimos anos devido à nossa mudança de estilo de vida e, principalmente, por causa da modificação nos padrões dietéticos, ou seja, pela substituição da comida tradicional, fresca e caseira, por comidas e bebidas altamente processadas prontas para o consumo.

De acordo com uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo, certos alimentos podem causar “vício alimentar” nas crianças e agravar a obesidade infantil. O estudo mostrou que 24% das crianças com excesso de peso apresentaram comportamentos ligados à dependência em alimentos ultraprocessados como biscoitos, embutidos e refrigerantes. O vício alimentar está associado ao fato de que a pessoa pode desenvolver padrões de comportamento descontrolados ao consumir certas substâncias que causam prazer. Alguns sintomas presentes nesses casos são: abandono de atividades por causa do anseio de consumir alguma substância (69% das crianças diagnosticadas apresentaram este sintoma) e abstinência (71% dos casos, o mais frequente entre os diagnósticos).

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Cuidado redobrado para evitar a obesidade infantil

Os  ultraprocessados, além de estimularem nosso sistema de recompensa, são práticos e baratos. Isso pode tornar-se um problema quando esses alimentos são oferecidos frequentemente às crianças, aumentando a chance de “dependência química”. Para evitar que isso aconteça, esses alimentos devem ser consumidos ocasionalmente. A família deve dar sempre preferência a alimentos frescos e preparações caseiras. Identificar os alimentos que podem estar associados a comportamentos relacionados à dependência é muito importante para tratar e prevenir a obesidade infantil.