Comer besteiras com frequência e em grandes quantidades, manter uma vida sedentária e não estar com a saúde em dia é um mal para qualquer pessoa, seja ela magra ou gorda. A questão é que, para quem está acima do peso, esses hábitos ruins geram ainda mais consequências e podem aumentar a possibilidade de ter doenças mais graves, segundo médicos.
Estamos pré-dispostos a julgar alguém que esteja acima do peso como não-saudável e esquecemos que saúde está além disso. A obesidade é o excesso de peso e gordura na região do abdômen e apenas profissionais podem classificar uma pessoa como obesa com base em exames.
Como é possível realizar esse cálculo?
O Índice de Massa Corporal (IMC) é calculado com o peso corporal em quilos dividido pela altura em metros ao quadrado. De acordo com Maria Fernanda Barca, doutora em endocrinologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a fórmula usada para chegar a esses números pode ser falha e, se fizermos uma simples comparação, veremos como os números na balança são relativos.
“Um homem adepto ao fisiculturismo e uma mulher normal com o mesmo peso e altura podem estar obesos se calcularmos o IMC de ambos. O que difere se a pessoa está com uma quantidade maior de gordura corporal é o teste de densitometria, que irá medir as massas magra e gorda”, afirma.
Mesmo que o cálculo do IMC falhe com mais frequência e não apresente resultados tão precisos, ele ainda é importante para um diagnóstico primário. O teste de Densitometria de Composição Corporal irá medir com mais detalhes a densidade de músculos, gordura e ossos do corpo inteiro em distribuições específicas.
Todas as pessoas visivelmente gordas estão sofrendo os reflexos da obesidade?
Pessoas gordas que não buscam um estilo de vida mais saudável sofrem sim com as consequências da obesidade, segundo a endócrino. O peso pode estar metabolicamente estável, mas o organismo está passando por processos inflamatórios que causam doenças como derrame, trombose e artropatias (articulações prejudicadas pelo peso do corpo e sedentarismo).
A obesidade está muito relacionada a uma síndrome metabólica que se caracteriza pelo nível elevado de açúcar no sangue, excesso de gordura corporal em torno da cintura e níveis de colesterol anormais. Todas essas situações agravam e muito os casos de cânceres de próstata e mama, problemas respiratórios, resfriados, gripes e até a Covid-19.
Por que exercícios físicos são cruciais na luta contra o câncer?
O Ministério da Saúde, a partir da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2018, informou que brasileiros estão mais obesos e com maior excesso de peso nessa última década. O aumento nos índices de obesidade é de 67,8% e é o maior dos últimos 13 anos. Esse valor espanta os profissionais da saúde, pois, nos últimos três anos, o Brasil se mantinha estável em 18,9%, mas a condição já alcança 19,8% da população.
É possível ser saudável sem se encaixar em padrões
Maria Fernanda esclarece que a internet e as mídias sociais estão implacáveis no quesito pressão estética e padrões. Conforme análise da endocrinologista, esse movimento faz com que as pessoas queiram ter um corpo que, muitas vezes, não condiz com a realidade de todo mundo.
“É essencial que cada um esteja no seu próprio padrão, comendo de forma saudável, fazendo exercícios físicos – tanto musculação, quanto atividades aeróbias. Além de ter o acompanhamento de um profissional de nutrição para adequar os objetivos ao estilo de vida da pessoa”, orienta.
Ao contrário do que muitos pensam, magreza não é sinal de um corpo saudável. Muitas pessoas aparentemente magras também sofrem de síndromes metabólicas por terem gordura visceral acumulada nos tecidos e estarem com o índice de massa magra muito baixo.
Magreza não é certeza de saúde. Pessoas magras também precisam treinar.
Maria Fernanda salienta que o conhecido “falso magro” tende a parecer muito saudável por estar mais próximo aos padrões. No entanto, se não houver uma alimentação balanceada, nem prática de atividades físicas regulares, existe sim a possibilidade de desenvolver as mesmas doenças de alguém que está obeso.