A empresária Luciana Provenzano Gomes, que trabalha com educação e sustentabilidade, descobriu um linfoma pouco depois de comemorar seus 35 anos. Os exercícios físicos aliados ao tratamento fizeram com que ela superasse a doença. Hoje, aos 40, ela agradece além da família, por ter encontrado o professor de Yoga Edno, que ia a sua casa para dar aulas – já que durante a doença não é aconselhável ficar em ambientes com muitas pessoas. Confira o relato da cliente da Bodytech Città (RJ).

“Me chamo Luciana, tenho 40 anos. Pouco depois do meu aniversário de 35, fui diagnosticada de linfoma. Lembro perfeitamente do dia que recebi a notícia. Não podia acreditar! Como eu, tão nova, cheia de vida, que sempre prezei uma alimentação saudável, exercícios físicos e que trabalho com desenvolvimento humano poderia ter uma doença dessas? Como eu, que estava sempre com pressa de viver e realizar, teria que parar para lutar de verdade pela vida? Por que eu? Por quê, se sempre fiz tudo certo? São tantas perguntas que nos fazemos para justificar algo que não tem uma explicação. Sim, você não fica ou deixa de ficar doente porque fez ou faz algo diferente, melhor ou pior que as outras pessoas. Não é você que atrai isso, mas isso é a sua história e é preciso aceitar.

Na primeira consulta fui aterrorizada. O Dr. Daniel Tabak, meu médico, me explicou detalhadamente como seria meu tratamento e enfatizou que não era culpa minha. Eu só fiz uma única pergunta: “Vou ficar boa?” Ele olhou nos meus olhos e disse: “SIM”. Para isso, porém, eu precisava fazer a minha parte, ou seja, ser positiva, não faltar o tratamento, me alimentar bem e sempre que conseguisse, fazer exercícios físicos.

Foi a esse SIM, que me agarrei. Aceitei viver essa etapa da melhor maneira. Descobri o quanto tinha pessoas que me amavam verdadeiramente e que eu nem percebia o quanto. Percebi também que outras pessoas que considerava muito, na verdade não me consideravam tanto. Fiz tudo que estava ao meu alcance para passar por isso da melhor maneira. Durante esse processo, você descobre que existem pessoas altruístas verdadeiramente, que possuem tanto amor para dar, que te surpreendem e fazem você acreditar que tudo vale a pena.

Luciana Provenzano

Foi o caso do Edno, professor de yoga da Bodytech e meu professor. Contei o que estava acontecendo comigo e pedi que ele me ajudasse a passar por isso da melhor maneira. Durante o tratamento, pelo fato da imunidade ficar baixa, o ideal é que se faça exercício físico em locais abertos, com pouca gente ou em casa. Por isso, passei a ter aulas de yoga duas vezes por semana na minha casa. Quando estava muito cansada, fazíamos reike e meditação. Ele sempre me via com beleza e falava sobre tudo de forma positiva. Como estava sem cabelo na época, ele dizia que eu era uma Monja Budista, que esse era o momento mais lindo que estava vivendo, de transformação, cura e amadurecimento. Isso me ajudou muito! Quando perguntava para ele “quanto te devo?” Ele me respondia: “Sua cura!” Ele me ensinou o que é o verdadeiro amor pelo próximo. A gratidão e o amor que tenho por ele são infinitos e pessoas como ele me fazem acreditar num mundo melhor.

Além da yoga, meu marido, que na época era personal trainer da Bodytech, fazia comigo exercícios e quando estava bem disposta, um treino com caminhada e corrida. Nunca imaginei que seria possível passar por sessões de quimioterapia e apenas um mês depois participar de uma corrida de rua de 5K. Acredito que o exercício me ajudou demais a passar bem por esse processo.

No meio disso tudo, abri uma nova empresa com minha irmã, a Tao Sustentabilidade, e comecei a correr atrás de projetos nessa área. Trabalhar com meio ambiente era a minha forma de fazer algo que fizesse diferença no mundo.

Fiquei boa, voltei a trabalhar, casei, mas na volta da minha lua de mel, descobri que a doença havia recidivado.

Dessa vez, confesso, foi pior que a primeira. Por que teria que passar tudo de novo? Não queria aceitar, choreiiiiiii muito, mas o apoio e a confiança da minha família e do meu marido me ajudaram a seguir adiante. Foi quando meu médico me explicou que, no meu caso, era normal e que dessa vez tentaria um tratamento mais ameno pois acreditava que clinicamente eu iria reagir bem.

Fiz um novo tratamento e antes mesmo de descobrir se ele havia dado certo, me inscrevi na Schumacher College para fazer dois cursos de sustentabilidade. Não poderia esperar mais, era meu sonho. Também precisava retomar minha essência, minha coragem, meu trabalho. Voltar a confiar em mim e na minha competência. Sabia que ainda tinha muito para realizar. Não podia acabar assim.

O tratamento deu certo. Foquei no trabalho e logo de início consegui um projeto para a criação de uma Oficina de Empreendedorismo para escolas públicas. Envolvi-me 100% na construção do conteúdo, algo que nunca havia feito antes. Em seguida, desenvolvemos um cardápio de ações ambientais para uma grande empresa. Mudamos o escritório da minha casa para um prédio comercial. Fechamos um projeto de educação ambiental em São Luís (MA) para 26 escolas e 5 comunidades. Aceitei o convite para trabalhar num projeto na Secretaria de Assistência Social. Desenvolvemos outro junto a Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura para Capacitar Agentes Ambientais das comunidades do Rio. Fomos convidados para desenvolver o primeiro Programa de Educação Ambiental do Município do Rio de Janeiro. Nenhum desses projetos foi conquistado por carta marcada ou conchavo. Todos foram conquistados por mérito e trabalho.

Trabalhar com educação ambiental é questionar diariamente as relações e atitudes é ter visão sistêmica, saber olhar os detalhes e aprender a ouvir. Ouvir a natureza, as pessoas e os sinais. Saúde tem toda relação com isso e a alimentação também.

Foi então que resolvi investir no QuinTAO Café, um foodtruck com foco em alimentação natural, orgânica e saudável, que realiza atividades educacionais lúdicas e interativas. Desejo que mais pessoas tenham acesso à informação e a uma alimentação saudável.

Durante 2 anos, fiz sessões de controle a cada 3 meses, que terminaram em outubro de 2014. Nunca deixei de me exercitar e isso fez toda a diferença. Corro, faço musculação, às vezes, vou à aula do Fabio Tostes e de yoga.

Com o tratamento, aprendi a ter paciência e jamais perder a fé e a vontade de fazer a diferença nesse mundo. Ter um negócio próprio exige coragem, garra, determinação, paixão. Atitudes necessárias para um empreendedor e para viver a vida de forma autêntica e sem medo de recomeçar.

Amo verdadeiramente meu trabalho e minha vida. Para mim, eles são inseparáveis.

Agradeço todos os dias as conquistas e os desafios dos projetos que nos são confiados. Agradeço, também, o aprendizado, que as pessoas que tenho a oportunidade de conhecer, me proporcionam. Agradeço todos os dias a minha família, meu marido, por ter encontrado um bom médico e ter pessoas tão maravilhosas perto de mim, como o Edinho, por exemplo. A yoga é algo que me traz confiança e força interior, e o Edno é um anjo da guarda que quero sempre ter por perto“.