Sentir muito medo ao ver um inserto dentro de casa ou, então, ficar com frio na barriga ao olhar pela janela de um apartamento em um andar muito alto, podem ser classificados como fobias. Altura, animais, lugares fechados, são apenas alguns exemplos muito comuns entre os 100 tipos específicos com os quais a gente vive, causando sofrimento e até, às vezes, prejuízo funcional em nossas vidas. E para entender mais sobre as fobias e como elas atingem nossa vida diretamente, o blog da BT conversou com a psicóloga Larissa Fonseca, mestranda em psicobiologia pela UNIFESP e terapeuta clínica há 14 anos.
O que é uma fobia?
Como afirma Larissa, a fobia é um tipo de transtorno de ansiedade caracterizado pelo medo irracional a alguma situação, lugar, objeto, animal ou atividade, mesmo que isso não seja qualquer motivo de perigo real, porém aterrorizante para a pessoa. Os sintomas de alerta, segundo a profissional, são ativados quando o medo domina a cognição.
“Esse medo é intenso a ponto de comprometer o raciocínio lógico em relação à realidade. Nessa hora, os pensamentos ansiosos se tornam ruins e repletos de negatividade, causando o sofrimento ao extremo e , provavelmente, a evitação das situações que possam colocar a pessoa nesse lugar de novo” explica ela.
“Há, então, um comprometimento na vida da pessoa, interferindo em suas relações profissionais, sociais e no processo de reconhecimento de suas próprias capacidades”.
O que acontece com o corpo quando temos fobia?
Segundo a psicóloga Larissa a fobia se apresenta como um medo sem lógica e intenso de algo específico, como objetos, animais, situações ou lugares. O medo é tão forte que causa uma ansiedade intensa, como um alerta de pânico, com alguns sintomas físicos, dentre eles: batimentos e respiração acelerada, náuseas e desconfortos abdominais, sensação de sufocamento ou falta de ar, tremores, tonturas e formigamentos, boca seca, tensão muscular, desconforto no peito e sudorese.
“O nosso organismo ao se deparar com o medo irreal, entra em situação de luta e fuga, como se estivesse sendo sendo atacado. Com isso, a pessoa não se sente apta a enfrentá-lo e paralisa. Esse medo é tão intenso que as emoções aterrorizantes tomam conta do controle do organismo e a pessoa fica desprovida do raciocínio lógico e crítico para avaliar a devida situação de perigo “, esclarece a profissional de saúde. Neste momento, nosso corpo pode apresentar alguns dos sintomas físicos citados acima. Fonseca reforça que é importante ficar atento(a) a intensidade dos sintomas.
Como ter um diagnóstico?
A única forma de dar o diagnóstico para a pessoa com fobia é observar seu comportamento e perguntar sobre os seus pensamentos e as suas emoções em algumas situações. Segundo Larissa, é importante procurar ajuda profissional de um psicólogo ou psiquiatra. O profissional irá realizar uma avaliação clínica completa da pessoa, incluindo além de entrevistas, situações fóbicas e possíveis gatilhos.
Tratamento para fobias
Larissa explica que as causas das fobias são individuais. Isso significa que necessita de uma investigação diagnóstica da pessoa, seu histórico e as experiências vivenciadas, estresse e transtorno de ansiedade. Por isso, não é possível generalizar os tratamentos em decorrência dos gatilhos individuais que despertam os medos irreais. “Normalmente há necessidade de avaliação de situações possivelmente traumáticas, associação equivocada de um estímulo com uma situação de perigo ou até, situações de perigos reais vivenciados como a certeza que vai acontecer”, ressalta ela.
O tratamento das fobias deve ser através da técnica da terapia cognitivo comportamental. Identificando os pensamentos relacionados às emoções de medo e terror persistente conseguimos modificar a validade destes pensamentos e assim ajustar tanto a emoção quanto a forma como a pessoa se comporta (enfrentando a situação). Outra possível técnica utilizada é a exposição gradual ensinando para a pessoa que a probabilidade de concretizar tal medo é pequena. Isso encoraja o paciente a tentar se expor à situação cada vez mais.
Além disso, em algumas situações há necessidade de medicações associadas à fobias para baixar a intensidade da ansiedade e permitir com que a pessoa trabalhe em terapia suas fobias.
Fobias mais comuns
Para entender mais especificamente quais são as fobias mais comuns, a psicóloga Larissa Fonseca fez uma lista com as 5 principais. Confira abaixo:
– Fobia social: medo relacionada a determinadas situações sociais. Há uma estreita relação com a forma de receio de como os outros me qualificam: beleza, desempenho, etc.
– Agorafobia: medo intenso em situações que possam desencadear pânico, dificuldade de escapar ou receber auxílio.
– Fobia de animais diversos incluindo insetos, lagartos, etc.
– Claustrofobia: medo intenso de lugares fechados, sem janelas ou respiros.
– Fobia de situações específicas: normalmente são situações ou objetos que não estão dentre as categorias nomeadas das fobias diversas, mas a pessoa na presença da situação sente-se com um medo irracional.