*Por Larissa Cerqueira, nutricionista consultora Bodytech (Brasília), com colaboração de Gabriel Alvarenga, nutricionista consultor Bodytech Rio de Janeiro e Brasília
O AEJ (Aeróbico em Jejum) é muito popular entre os fisioculturistas e costuma ser realizado em esteira, na bicicleta ou no transport, sob intensidade leve e com longa duração (em torno de 60 minutos).
Essa prática se baseia na ideia de que, graças ao estoque relativamente baixo de carboidrato, resultado de uma noite inteira sem comer, o exercício feito nesse momento usaria gordura como fonte principal de energia.
Teoricamente, parece interessante, mas, na prática, há controvérsias, pois há poucas pesquisas que sustentem a teoria.
Além disso, na ânsia de emagrecer, algumas pessoas extrapolam a intensidade do exercício e se submetem ao risco de desmaios, fraqueza e tonturas quando ocorre hipotensão ou hipoglicemia.
Correntes mais recentes inclusive sugerem que os exercícios mais eficazes são os intensos, curtos e executados com alimentação prévia (a alimentação pós-treino deve ser controlada, embora sempre presente). O gasto energético, neste caso, seria similar ou superior aos exercícios praticados em jejum.
Um estudo italiano mostrou também que, ao final do dia, as pessoas que se exercitavam alimentadas perdiam, a médio prazo, mais gordura do que as que treinavam em jejum. O método do jejum pode também arriscar a integridade da massa magra ao elevar o consumo de proteínas musculares como fonte de energia durante o processo. Dessa maneira, é provável que o AEJ possa piorar a composição corporal do indivíduo.
Em um período curto de jejum, o organismo parece se adaptar bem, mas, de forma prolongada, o corpo entra em um estado de “racionamento de energia”, diminuindo o gasto energético.
Em resumo, manter essa estratégia pode reduzir a capacidade de queimar gordura. Logo, na prática, não vale a pena correr o risco de treinar sem nada na barriga!
É preciso ressaltar que, ao estimular uma pessoa a iniciar uma atividade física regular, deve-se garantir que ela tenha prazer, segurança e suas limitações pessoais consideradas. Dessa forma, o AEJ não é recomendado, pois a inserção à nova rotina deve progredir de forma suave a fim de que seja sustentável. É necessário enaltecer a evolução de cada indivíduo seja no ritmo que for. Ao final, é possível se certificar de que o indivíduo realmente aderiu ao novo estilo de vida e não foi simplesmente iludido por aparências construídas magicamente.