Saúde mental e saúde física estão muito mais conectadas do que você imagina. Quando uma não vai bem, a outra também é diretamente afetada de alguma forma. A falta de cuidado e atenção com a saúde mental pode se manifestar através de sintomas físicos. É muito comum que isso ocorra quando o estresse, ansiedade e pessimismo são muito intensos. E da mesma forma, uma má condição de saúde física pode favorecer o desenvolvimento de patologias psicológicas. 

O que causa o estresse e como combatê-lo?

Segundo Lala Fonseca, pós graduanda em psicologia clínica pela USP e terapeuta há 14 anos com abordagem Cognitiva Comportamental, as causas do estresse são diversas, podem ocorrer por situações boas ou ruins. “Acontecimentos positivos, ou seja, situações que queremos que aconteçam na nossa vida como: uma promoção no trabalho, casa nova, casamento ou ter um bebê, carregam estresse por ser um momento de mudanças e expectativas” explica a terapeuta.

Independente do motivo, o estresse pode manifestar-se por uma variedade de razões, incluindo um gatilho que recorde uma situação traumática, questões profissionais, perdas em geral, receios em relação ao futuro entre outras infinitas possibilidades. O que leva o ser humano ao estresse, são situações relacionadas às inseguranças, medos e expectativas, porém, sempre será uma questão individual, ou seja, varia de pessoa para pessoa.

O estresse coloca nosso organismo em alerta e libera hormônios como: adrenalina e cortisol. Isso provoca diversos sintomas fisiológicos, desde alterações na pressão arterial, problemas no estômago, alergias na pele, entre outros. Por isso, Lala afirma que para combater o estresse precisamos ter prazer e momentos alegres e de lazer. Ela pontua que:“torna-se essencial reservar na agenda um tempo para si, você deve estar presente em sua vida. Não é o tempo que sobra.” 

É possível se desligar de situações preocupantes?

Primeiramente, entender que não há uma fórmula mágica, pois cada um consegue ter sua válvula de escape, é um começo. As situações que mais “martelam” e nos geram preocupação, caso você não se permita desligar-se em alguns momentos, podem ficar maiores e acabar gerando o Burnout. Por isso, realizar  atividade física regularmente, preferencialmente, pela manhã ou até o horário do almoço (para não prejudicar a qualidade do sono), ter um acompanhamento com psicólogo (para auxiliar a perceber e modificar as situações da vida), manter uma alimentação equilibrada, ter momentos de lazer e priorizar o sono são formas saudáveis de controlar o estresse. 

De acordo com a profissional de saúde, o processo de terapia ensina a lidar com as situações nos momentos em que elas ocorrem, mas também ajuda a entender a ansiedade relacionada com esses pensamentos do que poderá ou não acontecer, como solucionar algo que ainda não chegou e até ficar constantemente pensando em um sofrimento vivenciado. Ao longo das sessões aprendemos a focar em nós mesmos e evitar “ruminações mentais”. “Uma técnica muito interessante é o MindFullness ou atenção plena que ensina, através da meditação estar presente no AGORA. E é muito importante praticar atividade física para auxiliar neste processo, porém, você deverá estar focado no exercício e não nos problemas do dia a dia, whatsapp ou qualquer outra coisa que tire o seu foco de você mesmo “, esclarece a psicóloga.

Atividade física na redução do estresse

Neuroquímicamente, a atividade física libera serotonina e dopamina dentre outros neurotransmissores essenciais para a sensação de felicidade, bem estar e dever cumprido. Fonseca relata que: “quando o paciente aparece com um quadro de estresse, depressão leve ou ansiedade, a primeira recomendação ao tratamento é a prática de atividade física aeróbica regularmente.” Esses hormônios liberados durante os exercícios, são os mesmos de algumas das medicações utilizadas para tratamento de transtornos ansiosos, crises, Burnout e depressão. Não necessariamente, a quantidade liberada pela atividade física será a única fonte para o tratamento, porém, em diversos casos, é possível atingir o equilíbrio neuroquímico essencial com a prática.