*Por Ticiana Iyomassa, coordenadora Acqua e Kids de Savassi (BH)

Entender como o ser humano aprende é um assunto que vem sendo estudado há muito tempo. Várias teorias de aprendizagem formam hoje a área de estudo denominada Aprendizagem Motora.

Pais frequentemente apresentam dúvidas sobre o desenvolvimento de seus filhos nas aulas. Quais motivos explicam que crianças da mesma idade manifestem desempenhos diferentes? Ou por que uma criança já consegue realizar uma habilidade e outra não? Como justificar a mudança de turma de uma criança enquanto as outras permanecem na mesma?

O foco do estudo do desenvolvimento reside na descrição e explicação dessas mudanças. Concepções como a Pré-Determinista, que se baseia no comportamento determinado internamente pela maturação neurológica, ou a Concepção Ambientalista, que fundamenta o motivo maior do desenvolvimento no ambiente, são exemplos de influências que justificam o desenvolvimento do comportamento motor.

Sendo assim, diferenças anatômicas e funcionais entre as crianças geram distinções na aprendizagem motora, assim como o ambiente e o convívio familiar influenciam na resposta cognitiva da criança.

O conceito de Aprendizagem Motora está relacionado à mudança permanente no comportamento motor. Muitas dessas mudanças são devidas a experiências anteriores, justificando a capacidade de uma criança realizar determinado movimento e outra não. Mudanças também são promovidas por meio da prática. Portanto, a frequência das crianças nas aulas é muito importante, o que pode explicar o motivo de uma criança assídua mudar de nível mais rápido do que outras.

A idade também é um importante fator que influencia na diferença do desenvolvimento. Por isso, nada de comparar crianças de diferentes faixas etárias. Cada etapa define um momento de desenvolvimento ao longo do qual a criança constrói certas estruturas cognitivas. Segundo o epistemólogo e psicólogo Jean Piaget, o desenvolvimento passa por quatro etapas distintas:

Etapa Sensório-motor: de 0 a 2 anos. Etapa relacionada a reflexos inatos e automatismos;

Etapa Pré-Operatória: marcada pelo surgimento da linguagem oral, inicia-se por volta de 2 anos e se apresenta como período intuitivo ou simbólico (forma representações de objetos e condutas, egocentrismo e expressões de desejos);

Etapa Operatório-Concreta: inicia-se por volta dos 7 anos. Nessa etapa o pensamento lógico adquire preponderância, no entanto, a criança só consegue pensar corretamente se os exemplos forem concretos;

Etapa Operatório-Formal: apresenta-se por volta dos 12 anos e sua principal característica é o pensamento livre das limitações da realidade.

Deve-se observar que as faixas etárias previstas para cada etapa não são rigidamente marcadas. Logo, a idade cronológica pode ser diferente do estágio de maturação. Crianças em diferentes estágios maturacionais do Sistema Nervoso, sob as mesmas condições de treino, podem alcançar desempenhos diferentes.

Nesse sentido, podemos concluir que cada criança é única e devemos evitar comparações entre elas. Mais importante do que comparar é incentivar a atividade física e respeitar sua velocidade de aprendizado. O desenvolvimento geral permite limites bem flexíveis para aquisição de habilidades, e cada criança apresenta características que devem ser respeitadas, assim como suas experiências, sua história e sua individualidade.