Quem nunca sentiu um frio na barriga por algum evento que estava por vir? Ou ficou com medo por ter de encarar uma situação difícil? Esses momentos são muito comuns para qualquer pessoa, mas nem sempre os sentimentos de ansiedade e medo passam tão rápido. Precisamos entender como eles nos afetam e como quem está ao nosso redor pode ajudar.

Sentir ansiedade é normal para o ser humano e isso vem desde a infância. Muitas vezes, ela é capaz de nos impulsionar a seguir em frente e ter vontade de se dedicar mais a algo que desejamos realizar. Mas ser ansioso pode se mostrar um problema quando os anseios causam prejuízos à saúde mental e física. Lívia Beraldo de Lima Basseres, psiquiatra e mestre pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, aponta que sintomas como falta de ar, palpitações, enjoos e tontura podem ser sinais de uma ansiedade patológica, que prejudicam relações interpessoais, atividades profissionais e o bem-estar como um todo. 

No caso de episódios de medo excessivo e paralisante, conhecidos como síndrome do pânico, os sintomas são mais intensos e imprevisíveis, ou seja, não é possível ter ideia de quando vão acontecer para tentar se precaver. Lívia explica que, enquanto a ansiedade tem causas mais lógicas e notáveis no momento da crise, a síndrome do pânico não.

“A perda do foco visual, dificuldade para respirar, sensações de irrealidade e morte iminente, pensamentos catastróficos, sudorese, boca seca e tremores são alguns dos sinais mais recorrentes. Uma crise de pânico pode ter duração máxima, na maior intensidade, de até 10 minutos”, afirma a psiquiatra.

A síndrome do pânico afeta mais pessoas do que outras?

Estudos mostram uma prevalência maior de transtornos de ansiedade entre a população feminina. De acordo com Lívia, isso pode acontecer por questões relacionadas à flutuação hormonal ligada ao ciclo menstrual.

Os tratamentos para ambos os casos são feitos com medicação, mas existe também o acompanhamento terapêutico, psicoterapia, acupuntura, yoga, exercícios de respiração e meditação. A psiquiatra ressalta que o uso de medicamentos não causa dependência e, em alguns casos, não precisa ser de uso vitalício. 

Boa alimentação e atividade física influenciam diretamente na qualidade da saúde mental. Existem diversas pesquisas que indicam a importância de praticar exercícios aeróbios, pois ajudam na liberação de neurotransmissores e auxiliam muito no tratamento dessas doenças. Em certas situações, após um tempo de dedicação constante às atividades físicas, há a chance de pacientes não usarem mais medicamentos ou reduzirem a dose. 

Empatia e acolhimento em uma situação de crise

Uma das maneiras mais eficazes de conseguir ajudar alguém que esteja passando por um quadro de ansiedade severa ou crise de pânico é lembrar da necessidade de respirar. Pedir para que a pessoa se concentre na respiração bem lentamente e perguntar se ela já teve outra crise antes ou se faz uso de algum remédio. Outro passo é levar a pessoa até um ambiente mais calmo e tranquilo para trazer o foco dela ao momento presente. Não minimizar o sofrimento e manter uma postura acolhedora também é muito importante. Usar frases como “isso vai passar e eu estou aqui para te ajudar” já é o início da assistência nessa situação difícil.