Comer o prato preferido com um bom vinho, jantar fora com amigos ou tomar um  sorvete num dia quente de verão podem virar situações de tensão para quem tem algum distúrbio alimentar. Nessa realidade, a relação com a comida é conturbada e gera muita ansiedade e estresse. Mas com diagnóstico e tratamento multidisciplinar, é possível viver bem e com qualidade de vida.

De acordo com o psiquiatra Higor Caldato, se há sofrimento quando o assunto é a alimentação, existe algo de errado. “No início, os sintomas permanecem pouco visíveis. Seja pelo fato das primeiras manifestações serem muito próximas do comportamento alimentar normal, seja por serem ocultadas pelos pacientes”, explica.

Pensando nos sintomas de três dos principais transtornos, Higor destaca anorexia, compulsão alimentar e bulimia nervosa:

Anorexia nervosa

Restrição da ingestão alimentar, levando a um peso significativamente baixo, medo intenso de ganhar peso e distúrbio na autopercepção do peso ou forma.

Transtorno da compulsão alimentar

Episódios recorrentes de compulsão alimentar, caracterizados por comer, em um período de tempo definido, uma quantidade de comida muito maior do que a maioria das pessoas, sentimento de falta de controle sobre a alimentação durante o episódio e repulsa por si mesmo, depressão ou demasiada culpa após comer excessivamente.

Bulimia nervosa

Episódios recorrentes de compulsão alimentar (descritos acima) e recorrentes comportamentos compensatórios, como autoindução de vômitos, uso de laxantes, diuréticos, enemas ou outros medicamentos, jejum ou exercício excessivo.

O que leva uma pessoa a desenvolver esses problemas? De acordo com Higor, a causa é multifatorial e geralmente começa na adolescência, mas em alguns casos, pode dar os primeiros sinais na infância. “É necessário que ocorra um ou mais eventos desencadeantes, que podem ser externos, como a ocorrência de conflitos familiares, ou internos, como mudanças hormonais durante a adolescência”, destaca. Sobre a influência da genética, o médico esclarece que existe uma agregação familiar para os transtornos alimentares. O fato de um membro ter o diagnóstico aumenta o risco de que outro membro da família sofra da doença. Mas ele reforça: não há ainda consenso sobre esse risco estar ligado à genética. Porém, estudos recentes apontam mutações envolvidas no desenvolvimento desse tipo de transtorno.

O tratamento dos transtornos alimentares deve ser conduzido por uma equipe multiprofissional treinada na condução desses casos. Assim, o psiquiatra, o clínico/endocrinologista, o psicólogo, o nutricionista, a enfermagem e os outros profissionais de saúde devem trabalhar integradamente.