Se você já tentou convencer algum familiar, amigo ou namorado(a) a começar um exercício físico vai se identificar com esse texto. Primeiro, ter em mente que não é uma tarefa simples, que existem limites para o seu papel nisso e que nem sempre será possível é importante. Mas o que você, que entende que a atividade física poderia beneficiar demais aquela pessoa que tanto quer bem, de fato pode fazer? Nós conversamos com a Lívia Basseres, psiquiatra e mestre em psiquiatria pelo Instituto de Psiquiatria pela Universidade de São Paulo (IPQ-FMUSP) sobre o assunto.

Para começar, adotar um novo estilo de vida requer uma mudança no olhar que temos para o mundo. “Isso nem sempre é fácil porque exige disciplina e adoção de novas práticas em vários aspectos do dia a dia”, explica a médica. Mas segundo ela, com incentivo carregado de afeto, nos tornamos menos resistentes e mais abertos às novidades. Por isso, incentivar pode sim ser um bom caminho.

Incentivo com amor e exemplo

Dar o exemplo é fundamental para influenciar alguém a sair do sedentarismo. Pais que não se exercitam e cobram dos filhos algum movimento têm menos chances de ver mudanças. Isso vale também para filha que tenta convencer a mãe a qualquer custo a entrar numa aula de pilates. “Fazer atividades juntos (praticar uma aula ou montar um cardápio semanal saudável) fortalece as relações e incentiva o familiar”, aconselha a psiquiatra. Convide para uma atividade especial, fale disso de forma leve, sem pressões e vá aos poucos.

Cuidado com chantagem e pressão

A boa intenção nesse caso tem limites que precisam ser respeitados. Ainda de acordo com a especialista, incentivar alguém a se exercitar envolvendo chantagens ou barganhas é uma cilada. “O limite é claro: o incentivo precisa ter como objetivo a mudança no estilo de vida, mas também reforçar vínculos e afetos. Se o que você tem feito para tirar quem ama do sedentarismo só está servindo para afastar a pessoa de você, é melhor tentar outra estratégia,” explica.