Há duas semanas, rolou uma das etapas do WSL (World Surf League) no Rio de Janeiro –o campeonato mundial de surfe acontece durante o ano inteiro, sendo que cada etapa é realizada em um país diferente.
Fiquei impressionada com a estrutura que foi montada –nunca havia visto nada igual em nenhuma etapa da liga. O evento atraiu não só os amantes do surfe, como também os “não amantes”, que foram só torcer para o Brasil. Parecia Copa do Mundo! O país do futebol virou o país do surfe por pelo menos uma semana. O esporte se popularizou tanto com a vitória do Gabriel Medina, no ano passado, que era possível ver uma multidão lotando as praias e torcendo para os brasileiros que estavam competindo. E olha que não eram poucos!
Temos uma leva grande de atletas capazes de vencer o campeonato neste ano. Adriano de Souza está em primeiro lugar no ranking, seguido por Filipe Toledo (que levou a etapa do Rio) e Ítalo Ferreira, que ficou em terceiro nessa mesma etapa. Para completar, o Gabriel Medina é o atual campeão mundial. O Brazilian Storm, como é chamado esse grupo de fenômenos, ainda conta com Miguel Pupo, Jadson Andre e Wiggolly Dantas, entre os que correm o circuito da elite mundial de surfe.
A etapa do Rio de Janeiro foi um divisor de águas: com recorde de público, agradou a todos os patrocinadores, mas ainda desagrada aos competidores, que reclamam da poluição da água e do lixo deixado nas areias.
Estive todos os dias do campeonato por lá e vi várias gerações circulando. Acho fantástica essa popularização do surfe, mesmo que alguns torçam o nariz por causa do crowd – quando tem muita gente na água – que isso gera. O que eu acho é que essa nova geração precisa entender que surfe não é só um esporte, é um estilo de vida. Escutem as mensagens dos competidores e entendam que de nada adianta você colocar uma prancha debaixo do braço e desfilar pelas areias se você não respeita o meio ambiente, não se preocupa com o lixo deixado nas praias, não se revolta com o esgoto lançado sem tratamento nos nossos mares. Essa nova geração aficionada pelos ídolos que levantam nossa bandeira nos pódios precisa brigar pela praia limpa, pelo lixo no lixo. Precisa participar de passeatas, cobrar do poder público esse cuidado com o meio ambiente e assim, sim, bater no peito para dizer que é surfista.
Só mais uma coisa: deveríamos ser mais educados e não agarrar os competidores. Eles mal puderam sair da água após as baterias. Não acho que seja preciso tocá-los para demonstrar o carinho. Talvez, se continuarmos assim, seremos o único país que precisará fazer um cordão de isolamento da água até o palanque para que eles possam sair da água em segurança.
No mais, meus parabéns a todos que foram prestigiar o evento e fizeram dessa etapa um espetáculo sem igual! Brasil!
Fotos: Marcello Cavalcanti
Carioca, Karina Vela trabalha como consultora de estilo para grifes, pinta quadros e viaja o mundo para gravar o programa “Quatro Remos” (que vai para a 4ª temporada no canal Off), em que faz travessias em canal aberto de pé em uma prancha de stand-up paddle ou sentada em uma canoa havaiana.