*Por Rafael Duarte (foto e texto)
O verão chegou, e os cariocas vão girar sobre duas rodas como nunca. Quem me conhece sabe que há dois anos substituí meu carro pela bicicleta para me transportar pela cidade –inclusive para trabalhar. Adorei e tive uma excelente experiência com a minha elétrica, mas isso ainda será tema de um futuro post.
Infelizmente, ela me deixou na mão no mês passado e teve que ficar um tempo no mecânico. Por isso, como alternativa ao trânsito caótico do Rio, adotei por mais de um mês o BikeRio, aquele sistema de aluguel de bicicletas laranjas, como meu transporte oficial pela zona sul.
Como usei bastante nas últimas semanas, resolvi fazer para vocês uma avaliação desse serviço que, diga-se de passagem, tem meu total apoio, apesar de acreditar que ainda tenha um caminho a percorrer até alcançar o ideal. Desde já, revelo aqui que sou muito a favor da iniciativa e que desejo todo o sucesso do mundo.
Este sistema é um tanto quanto familiar para mim. Em Paris, onde morei recentemente, há o Velib, referência mundial nesse tipo de serviço público que é utilizado em massa por parisienses e turistas. A adesão por lá é incrível e funciona muito bem. Acho bacana o Rio contar com isso – apesar de ter demorado a chegar.
Depois de vários quilômetros rodados com as laranjinhas desde novembro, aqui estão algumas das minhas dicas e impressões sobre o estado atual do BikeRio – considerando que são opiniões pessoais referentes ao uso do serviço no período entre novembro e dezembro de 2014.
Aplicativo: Usar é fácil, mas ele dá muito erro. Várias vezes o aplicativo indica que a bike está em uso e ela nem foi solta da estação. Acontece direto, então tem que ter paciência.
Preço: Justo. Mas o passe mensal de R$ 10 vale muito mais a pena.
Tipo de bike: Apesar de serem visivelmente frágeis, podem servir bem para homens e mulheres. Os grandalhões ficam um pouco em desvantagem pelo tamanho do quadro, mas creio que seja um tamanho bem democrático.
Peso: Surpreendentemente leve.
Quantidade de estações e unidades: Melhorou, mas ainda são insuficientes para a demanda. Em dias de sol, não é tão fácil encontrar bikes disponíveis em pontos de grande circulação de pessoas.
Marchas: Não peguei nenhuma com as três marchas reguladas. Será que não dei sorte? Invariavelmente pularam muito. A dica é escolher aquela em que a corrente não pula e ir no ritmo que puder, sem pressa.
Freios: Sempre bem regulados. Melhor quesito.
Manutenção: As bikes já parecem estar meio sofridas. Muito disso em função do uso inadequado pelos ciclistas. Mas parte também por falta de manutenção adequada e da qualidade do material e dos componentes. Basta pedalar um pouco e ouvir o barulho. Ele fala por si.
Pneus: Não cheguei a pegar nenhum totalmente careca, mas não me arriscaria em pisos lisos ou molhados. Os que não estão furados na estação, geralmente, estão bem calibrados.
Aerodinâmica: Não vou levar este quesito tão à risca. Afinal, a ideia é percorrer distâncias curtas e não fazer o “Tour de France” com elas. Mas percebi que quando fazemos curvas fechadas, o pedal raspa no chão. Avalio isso como um erro de projeto.
Como escolher uma bike: Faça um “check up” na magrela verificando seus sinais vitais antes de retirá-la da plataforma. Veja se estão funcionando os freios, se os pneus estão calibrados (sem frescura de sujar a mão de poeira), gire as rodas para ver se não estão emperradas ou empenadas demais, veja se o selim está firme, se tem os dois pedais no lugar e, por fim, suspenda a roda traseira com uma das mãos dê umas três voltas com o pedal. Se estes itens estiverem ok, libere a bike usando o aplicativo ao lado dela para que os demais usuários que eventualmente aparecerem vejam que aquela já tem dono… e… Bom pedal!
Rafael Duarte e Jaime Portas Vilaseca fazem parte da equipe de expedições Miramundos.