Atividades físicas podem ser cruciais para manter um cérebro jovem e ágil conforme envelhecemos, de acordo com um novo estudo sobre padrões de ativação cerebrais em pessoas mais velhas. A reportagem foi publicada no jornal americano “New York Times” (leia aqui).

O texto explica que, quando entramos na casa dos 40 anos, perdemos flexibilidade e eficiência. Correr e outros movimentos ficam mais lentos e desajeitados. Além disso, nossos pensamentos se tornam menos eficientes e não processamos novas informações com a mesma calma e clareza que antes.

Segundo a reportagem, pesquisadores realizaram estudos que comparavam a ativação cerebral em jovens e em pessoas que já passaram dos 40 anos. Eles descobriram diferenças significativas, principalmente durante as tarefas mentais que exigem atenção, resolução de problemas, tomada de decisões e outros tipos de pensamentos de alto nível.

Nas pessoas mais jovens, a ativação no córtex durante essas tarefas cognitivas tende a ser altamente localizada. Dependendo do tipo do pensamento, o cérebro das pessoas jovens “acende”, quase que exclusivamente, na parte direita ou na esquerda do córtex pré-frontal (e não nas duas áreas ao mesmo tempo).

Nas pessoas mais velhas, no entanto, a atividade cerebral durante algumas atividades mentais requerem muito mais “poder cerebral”. Eles tipicamente mostram atividade simultaneamente nos dois hemisférios do córtex pré-frontal. Ou seja, idosos exigem mais recursos dos seus cérebros para completar as mesmas atividades do que as pessoas mais jovens –que as fazem com menos esforços cognitivos.

Neurocientistas criaram um acrônimo para esse fenômeno: Harold (Hemispheric Asymmetry Reduction in Older Adults – Redução da Assimetria Hemisférica em Adultos mais Velhos, em tradução livre). A maioria concorda que ele representa uma reorganização geral e um enfraquecimento da função do cérebro com a idade.

Cientistas não sabem, porém, se “Harold” é inevitável com a idade ou se poderia, talvez, ser retardado ou prevenido com mudanças de estilo de vida.

Essa possibilidade chamou a atenção de Hideaki Soya, professor de exercício e neuroendocrinologia na Universidade de Tsukuba, no Japão, que estuda os efeitos dos exercícios físicos no cérebro.

Para o novo estudo, Dr. Soya e seus colegas recrutaram 60 japoneses homens com idades entre 64 e 75 anos que não tivessem sinais de demência ou de outro declínio cognitivo grave. Eles, então, testaram a aptidão aeróbica de cada um deles no laboratório.

Em outro dia, eles colocaram uma série de pequenas sondas nas testas e cabeças de cada voluntário. Nas sondas, a luz infravermelha foi usada para realçar o fluxo sanguíneo e a absorção de oxigênio em várias partes do cérebro.

Com as sondas no local, os voluntários completaram testes computadorizados complexos, durante o qual os nomes de cores apareceram impressos em tons diferentes. A palavra azul aparecia em uma tira amarela, por exemplo, e esperava-se que os voluntários apertassem as chaves correspondentes às do nome escrito, não da cor da tira. Nesse caso, a correspondente à cor azul.

Esse teste tem uma considerável demanda na atenção e tomada de decisão de uma pessoa e, nos jovens, mostrou que a parte do hemisfério esquerdo do córtex pré-frontal se “iluminou”.

Quando os cientistas examinaram a atividade cerebral de homens idosos, descobriram que a maioria também requeria atividade do hemisfério direito. Eles precisavam que seus cérebros contribuíssem mais para completar as tarefas, mostrando a atividade padrão Harold.

No entanto, os voluntários mais “fit” não seguiram esse padrão, mostrando pouca ou nenhuma ativação no hemisfério direito. Ou seja, assim como os jovens, precisavam apenas do hemisfério esquerdo para as tarefas.

Também foram mais rápidos e precisos em suas teclas, indicando que responderam melhor do que os voluntários menos “fit”.

Dr. Soya disse que os resultados sugerem que “maior aptidão aeróbica está associada à melhora da função cognitiva”. Pessoas mais velhas “fit” precisam de menos recursos do cérebro para completar tarefas do que os idosos que estão fora de forma.

O estudo foi de observação e não pode comprovar que os exercícios mudam a forma de pensar. Aponta somente que homens “fit” têm uma ativação cerebral diferente.

Dr. Soya disse que os homens menos “fit” têm cérebros que funcionalmente são menos enérgicos do que os dos homens mais aptos. Espera-se, ainda, que tenham um progresso mais rápido para dificuldades relacionadas à memória e ao pensamento.

O resultado, segundo ele, é que o exercício diário, como caminhada e corrida leve, pode afetar a maneira como o cérebro funciona, de modo que o cérebro de uma pessoa mais velha “aja como um cérebro mais jovem.”