Você está querendo engravidar, mas não sabe se praticar atividades físicas durante a pré-gestação pode ser arriscado? Tiramos algumas dúvidas com o ginecologista e obstetra Ricardo Luba, membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH) sobre o tema. Confira!
Atividade física em excesso prejudica a pré-gestação?
Não há evidência científica de que a infertilidade (dificuldade de engravidar por um período maior de um ano) seja prevalente entre atletas. Um dos grandes problemas da atividade física em excesso, ou até mesmo em competições de alto nível, é o aumento da produção de um hormônio chamado prolactina. A hiperprolactinemia pode levar a mulher a ter ciclos menstruais anovulatórios (não produz óvulos) e isso pode ter um impacto enorme na capacidade reprodutiva da mulher. Outra situação que atrapalha na hora de engravidar é o uso de anabolizantes, que desregula todo o ciclo menstrual, levando também a mulher a fazer ciclos anovulatórios. Mulheres com IMC (Índice de Massa Corpórea) baixo têm níveis alterados de leptina, um hormônio importante para a manutenção da fertilidade.
O que deve ser feito para que a mulher não tenha problemas?
O controle clínico e a dosagem hormonal podem ser feitos pelo médico ginecologista antes de a mulher começar as tentativas para engravidar. Se já tiver alterações, cabe ao médico prescrever os tratamentos necessários e fazer as recomendações para posterior avaliação. É nesse momento que se inicia o pré-natal, antes da concepção. O principal sinal de que pode ter alguma coisa errada é a ausência da menstruação sem a presença de gravidez. Se isso acontecer, é importantíssima a avaliação do ginecologista.
É possível conciliar a prática esportiva e os tratamentos de fertilização?
Sim, é possível. Os tratamentos de baixa complexidade, conhecidos por Coito Programado (CP) e a Inseminação Intra-uterina (IIU), são métodos em que pode haver a prática de atividade física, porém sem muito impacto para evitar as torções ovarianas (os ovários ficam aumentados de volume e podem torcer em seu próprio eixo). Nos casos de fertilização In Vitro, recomenda-se que se evite a prática de atividade física, pois os ovários ficam maiores do que quando se faz o CP ou a IIU, aumentando ainda mais o risco de torção ovariana.