*Por Ana Tapajós
As histórias sobre a minha expedição pela Amazônia, quando percorri mais de três mil quilômetros variando entre diferentes embarcações, pode ser dividida em duas partes: a primeira, no Rio Negro — que eu já contei aqui no blog — e a segunda, no Rio Amazonas.
Essa parte começa em Manaus. A essa altura, já tínhamos contato com vilarejos iluminados com luz elétrica, e a natureza não era mais inóspita.
Estávamos agora navegando o Rio Amazonas, o segundo rio mais extenso do mundo! Ele começa nos Andes e chega ao território brasileiro com o nome de Rio Solimões. Só quando encontra o Rio Negro, em Manaus, ele ganha o nome de Amazonas e assim segue até o encontro com o Oceano Atlântico. O Amazonas tem uma coloração esbranquiçada e leitosa, bem diferente do Rio Negro, por isso o encontro de suas águas é tão impactante.
Seguindo ainda em barco Gaiola, passamos para o estado do Pará, minha terra amada, e fomos para Parintins, onde acontece o festival do Boi Bumbá, com muito carimbó e comidas típicas. Visitamos os ensaios do Boi Garantido e Caprichoso.
De lá, seguimos para Santarém e passamos em Alter do Chão. O destino é conhecido como Caribe brasileiro e uma de suas praias, a Ilha do Amor, já foi eleita algumas vezes a mais bonita do Brasil. A região encanta pela beleza do Rio Tapajós, que é um rio de águas verdes claras e praias de areia branquinha.
Para chegar é necessário pegar um voo para Santarém e de lá um transfer de mais ou menos 40 minutos. Nós fizemos essa viagem de barco, para quem tiver tempo eu indico, porque o caminho é maravilhoso, com paisagens deslumbrantes. Essa parte da viagem em especial teve um valor emocional muito grande para mim. Nós visitamos a casa onde nasci e morei até os cinco anos.
Depois da visita, voltamos ao Rio Amazonas e fomos para a Ilha de Marajó, a maior ilha do Brasil e a maior fluviomarítma do mundo. A Ilha também tem o maior rebanho de búfalos do país e uma beleza superexótica! Visitamos uma família local e tomamos o açaí mais natural e puro possível, que foi colhido no pé, por um senhor de quase 60 anos. Na mesma hora ele deixou de molho a semente do açaí, moeu na máquina, e nós tomamos. Eu, como paraense e amante do açaí original, me deliciei, mas muita gente estranha o gosto do açaí da Amazônia, por ser um pouco diferente do que tomamos aqui no Sudeste.
A viagem se encerrou em Belém, ao encontrarmos o Oceano Atlântico no delta. É impressionante a largura do Rio Amazonas nesse ponto, realmente parece um mar!
Essa expedição foi uma das coisas mais mágicas que fiz na vida. Passamos por muitos perrengues, ataque de mosquitos, dormimos 45 dias em rede com direito a aranhas morando ao lado, ficamos isolados sem contato com qualquer tipo de tecnologia por dias. Conhecemos um povo hospitaleiro e muito querido, tomamos banho de rio à luz do luar e vimos um pôr do sol inesquecível a cada dia.
Muitas vezes pensamos em viajar para tão longe e nos esquecemos do quanto nosso Brasil é rico e maravilhoso. Quase todos nós, brasileiros, temos descendência indígena. Por que então não conhecer um pouco da nossa cultura que é tão diversificada? Todos deveriam visitar o Norte do Brasil, região rica em ritmos, sabores, com a melhor culinária do país, na minha opinião. Sem falar nas belezas naturais e nas atividades esportivas que podem ser praticadas por lá. Vale muito a pena!
*Ana Tapajós nasceu na Amazônia e mora no Rio de Janeiro desde pequena. Tem uma ligação muito forte com a natureza e ama praticar esportes ao ar livre, fazer trilhas, jogar futevôlei, surf, sup e viajar. Formada em Relações Internacionais pela UFF, atualmente é empresária e, nas horas vagas, apresentadora de TV. Gravou programas do Multishow e do Canal OFF, ama. Conheceu países como Rússia, Áustria, África do Sul, Europa e Estados Unidos.