*Por Ana Tapajós
A Amazônia tem sido cada vez mais procurada como roteiro turístico entre os brasileiros e pessoas do mundo inteiro. E, há alguns anos, participei de uma expedição incrível e muito especial pela Amazônia. A ideia era mostrar como é a vida da comunidade ribeirinha e cruzar o norte do Brasil, desde a fronteira com a Colômbia até o encontro do rio com o Oceano Atlântico no delta do Amazonas, no Pará. Percorremos mais de 3000 km de barco e vivenciamos a cultura local. Visitamos e nos hospedamos nas casas dos ribeirinhos, aprendemos a fazer suas comidas típicas, construímos nossas canoas e tivemos um contato com a natureza dificilmente encontrado em outras regiões brasileiras.
Essa viagem pode ser feita de muitas formas, mas a nossa expedição foi feita toda pelos rios, variando entre diversos tipos de embarcações. Vou contar a primeira parte, a do Rio Negro, e em breve conto por aqui como foi navegar pelo Rio Amazonas!
Começamos no alto Rio Negro, na cidade de São Gabriel da Cachoeira, também conhecida como “cabeça do cachorro”, devido à sua formação geográfica. Essa parte da viagem considero a mais especial de todas pois foi onde tivemos o maior contato com a natureza bruta, intocada, da nossa maravilhosa Floresta Amazônica.
Nosso meio de transporte inicial foi um Bongo, uma canoa feita com uma árvore inteira muito usada por índios e por escravos antigamente. Depois do bongo, viajamos em um barco gaiola, que é a embarcação mais usada na região. O barco gaiola é feito de madeira, possui dois ou três andares, e as pessoas instalam suas redes, navegando por dias. Ao fazer essa viagem fluvial, você passa a ter outro ritmo de vida: você entende que nem todas as pessoas vivem na correria e na loucura da cidade grande. Você percebe que as coisas não são na velocidade que a gente quer e, sim, no tempo da natureza. Por exemplo, caso você queira beber um simples refrigerante, muitas vezes será necessário navegar horas para chegar em qualquer tipo de comércio.
Viajávamos durante o dia e, à noite, dormíamos nas casas dos Ribeirinhos, nas comunidades locais. Ribeirinhos é como são chamados os povos que vivem na beira do Rio e fazem do mesmo sua principal forma de sobrevivência. São comunidades de subsistência que vivem com o que plantam e caçam também. Pessoas muito boas, de coração puro, que nos recebiam com um sorriso no rosto e um brilho no olhar. Apesar de terem muito pouco, sempre fizeram questão de dividir o que tinham conosco. Percebi que quanto mais as comunidades eram isoladas, mais as pessoas eram mais na delas e observavam muito. Respeitavam o silêncio da natureza e sempre nos passavam o seu conhecimento de vida. Aprendemos muito com todos que cruzaram o nosso caminho.
No alto do Rio Negro passamos por várias comunidades e vilarejos, como Santa Isabel do Rio Negro, Barcelos, Novo Airão e Almerin.
Para os amantes de esporte, o Rio Negro é excelente para a prática da canoagem, stand up paddle, nado, wakeboard e pesca. Sua água possui uma acidez natural que a torna tão escura a ponto de se transformar em um verdadeiro espelho. Esse fato faz com que cada pôr do sol e nascer do sol seja um espetáculo ainda maior. O caminho ao longo do rio é de praias de areia branca e muita vegetação. Na Amazônia, a fauna e flora são muito ricas, e você encontrará uma beleza diferente e tranquilizadora.
Ao longo dessa primeira parte da viagem construímos canoas, remamos muito, visitamos aldeias indígenas, nadamos com os botos cor de rosa, conhecemos muita gente e comemos muita comida gostosa.
*Ana Tapajós nasceu na Amazônia e mora no Rio de Janeiro desde pequena. Tem uma ligação muito forte com a natureza e ama praticar esportes ao ar livre, fazer trilhas, jogar futevôlei, surf, sup e viajar. Formada em Relações Internacionais pela UFF, atualmente é empresária e, nas horas vagas, apresentadora de TV. Gravou programas do Multishow e do Canal OFF, ama. Conheceu países como Rússia, Áustria, África do Sul, Europa e Estados Unidos.