*Por Rogério Maciel, nutricionista consultor Bodytech Brasília
Pode parecer estranho o fato de comer e continuar com fome, mas está comprovado que certos alimentos, principalmente os com teor elevado de gordura saturada e alto teor de sódio ou os carboidratos simples, possuem mecanismos fisiológicos e características específicas que levam as pessoas a comerem mais do que deveriam, burlando os mecanismos que proporcionam a saciedade.
Mas eles interferem no quê exatamente?
A resposta é: em dois hormônios principais que estão diretamente ligados ao apetite e à saciedade —insulina e leptina.
Quando você ingere um alimento que contém carboidrato, ele é transformado por seu corpo em um açúcar chamado glicose, que então é usado como energia. Quanto mais rápida essa conversão, mais rápida também é a entrada do açúcar no nosso sistema, o que acarreta uma liberação maior de insulina. O problema é que essa liberação aumentada abaixa os níveis de glicose, podendo, em situações mais extremas, rapidamente proporcionar hipoglicemia. Isso faz com que você sinta mais necessidade de comer, tentando compensar essa queda, estabelecendo um ciclo vicioso.
Exemplos tradicionais de alimentos que têm esse efeito: batata frita, pipoca, refrigerante, pães brancos, massas de trigo branco refinado etc. O que eles têm em comum é o fato de serem carboidratos com índice glicêmico mais elevado (quanto mais elevado maior a velocidade de absorção).
Por isso é importante abaixar um pouco o índice glicêmico da dieta para controlar a velocidade de absorção do alimento, causando mais saciedade e diminuindo a liberação de insulina.
O outro hormônio citado é a leptina. Ela informa ao cérebro sobre a quantidade de energia acumulada, sendo fundamental para a modulação do apetite. Quanto maior sua liberação menor seu apetite.
Normalmente, ela é mais liberada à noite, informando ao organismo para comer menos nesse período. O problema é que alguns alimentos e substâncias inibem os receptores de leptina, aumentando a fome. Frutose, dentre elas o xarope de milho presentes em refrigerantes, biscoitos e outros lanches doces, é um dos principais inibidores presentes no dia a dia. O álcool é outro exemplo (quantas vezes você chegou em casa morrendo de fome após uma noitada?).
A leptina e a insulina aumentada são os exemplos mais clássicos. Mas poderíamos falar também do cortisol (que prejudica o metabolismo dos carboidratos), da serotonina e da dopamina (prejudicadas pelo aumento de gordura trans ou saturada) etc.
Os citados acima, no entanto, já são suficientes para você tomar cuidado com que escolhe para comer e se conscientizar da importância de ter um equilíbrio qualitativo na sua dieta, com micronutrientes e macronutrientes que vão, junto com atividade física orientada, lhe proporcionar qualidade de vida e longevidade.
Consulte um nutricionista para ajudá-lo.