Em meio a tantas opções de biscoitos, sorvetes, chocolates e balas nas prateleiras e na publicidade, um dos grandes desafios das famílias é resistir aos pedidos das crianças. Criar um paladar mais natural e livre do vício em açúcar é uma missão de todos os dias, construída com diálogo e bons exemplos dos adultos. Mas na intenção de driblar o açúcar nas refeições das crianças, o adoçante nas preparações é uma opção? Para a endocrinologista Priscilla Martins, não.   

De acordo com a médica, as crianças em geral não devem consumir adoçantes nem açúcar em alimentos e bebidas. “Frutas, sucos e leite já possuem açúcar natural em sua composição. É importante acostumar o paladar desde cedo com opções mais naturais e sem aditivos”, aconselha.

Estudos experimentais sugerem que os adoçantes podem alterar a microbiota intestinal, o que aumentaria a predisposição para alterações metabólicas futuras, como o risco de desenvolver diabetes tipo 2 e obesidade na vida adulta. Eles também poderiam alterar o paladar, estimulando a preferência por alimentos doces nas crianças. A associação real entre o uso de adoçantes e a presença dessas complicações ainda não é clara e precisa ser melhor estudada, segundo a endocrinologista.

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Diabetes e obesidade

Em casos bem específicos, como crianças diabéticas ou obesas, em um momento de transição, o adoçante pode ser recomendado por médicos ou nutricionistas. “Nem sempre é fácil fazer uma mudança brusca de paladar logo no início do tratamento”, explica Priscilla. Com o tempo, o ideal é que os pequenos passem a consumir também pratos e bebidas in natura, sem adição de adoçantes ou açúcar.