Você já se imaginou escalando uma das maiores montanhas do mundo? Foi isso que Jaime Portas Vilaseca, integrante da Miramundos e parceiro da Bodytech, encarou em janeiro deste ano. Foram 20 dias em uma expedição ao Aconcágua, a maior montanha não apenas da Argentina ou da América do Sul, mas de todo Hemisfério Sul, cujo pico está a 6.962m do nível do mar. Confira nesta entrevista dicas de como se preparar para um desafio como este e que tipo de obstáculos nosso corpo enfrenta na altitude e em condições extremas.

Você fez uma preparação física intensa para a expedição. Ela foi suficiente para que você tivesse um bom desempenho na montanha?

O meu treinamento para o Aconcágua foi fundamental para sucesso da expedição. Na academia, fui muito bem orientado pelos professores que, assim que souberam do desafio, prepararam um treinamento funcional com exercícios de fortalecimento da lombar, abdômen e costas. Fiz alguns treinamentos de escada com mochila de hidratação e alguns treinos em trilhas como as do Corcovado, Pedra da Gávea e um pouco de bicicleta.

Qual é o nível de dificuldade física do Aconcágua?

Difícil! Não é uma montanha para amadores. É necessário ter algum nível anterior de experiência em montanhas. No meu caso, havia subido apenas o Monte Roraima (2.734m), mas foi super importante entender um pouco sobre como se vive no isolamento e sem conforto.

Quais foram as dificuldades que seu corpo passou na expedição?

No meu caso, um pouco dos sintomas do mal da altitude, como dores de cabeça e cansaço. Mas isso faz parte do processo de aclimatação. A cada dia que passa, seu corpo vai se adaptando.

Quais as partes do corpo mais exigidas na ascensão?

Pernas e costas. O Aconcágua é uma montanha com muitas subidas e, mesmo nos trechos de trekking planos, o corpo sente devido à altitude e o clima seco. Nesse caso, vale a pena considerar o peso das mochilas que, no meu caso, era de aproximadamente 15kg.

Ter uma boa condição aeróbica faz a diferença na montanha?

Faz bastante. Nesse caso, o coração trabalha muito forte na altitude. Portanto, é muito importante fazer alguns treinos envolvendo exercícios cardiovasculares. Recomendo um bom controle da boa respiração. Minha dica é Ioga.

Qual é o segredo para lidar com a altitude?

Essa é uma boa pergunta. Existem muitas recomendações, mas cada corpo reage de maneira diferente. Não existe treino para isso a não ser o tempo e descanso para fazer uma boa aclimatação. Tomar de 5 a 6 litros d’água por dia pode e deve ajudar muito na sua aclimatação. Na altitude o sangue fica grosso, portanto, ingerir água ajuda a afinar o sangue e facilita a circulação evitando dores de cabeça.

Você aconselharia alguém que nunca escalou uma montanha a fazer o Aconcágua?

Bom, isso é de cada pessoa. Não posso dizer que não aconselho, pois a única experiência que tinha tido foi com Roraima, cujo cume não chega nem a 3 mil metros. Tentei encarar os 6.962m e percebi sua grandeza apenas quando realmente cheguei perto. Meu conselho para quem quer fazer bem o Aconcágua é escalar uma montanha de 5 ou 6 mil antes. Como meu guia disse, o Aconcágua é um mini 8 mil e não devemos esquecer que faz parte dos “7 Summits” – a lista de sete montanhas mais altas de cada continente.

O que você recomendaria para alguém que é iniciante, mas está disposto a se preparar para um desafio deste tipo?

Se informar bem antes de ir, sobretudo. Qual equipamento levar, que tipo de situação deve encontrar, tirar todas as dúvidas possíveis e ler bastante sobre o destino escolhido.