Por Patricia Boccia para a revista “BT Experience”

Se a dieta não está dando certo, o chavão popular entra em cena para justificar o insucesso do programa alimentar. A frase pronta “eu não consigo emagrecer porque meu metabolismo é lento” é velha conhecida nos consultórios médicos e nutricionais. Até porque o processo parece ser tão misterioso que as pessoas pouco se intimidam em jogar a culpa naquilo que não se vê a olho nu: a tal forma como o corpo gasta energia. Mas, segundo Sadaf Farooqi, pesquisadora da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, e uma das mais importantes cientistas que estudam o metabolismo, ele não é algo mágico. Pode ser definido assim: é a velocidade com que as calorias são gastas, com um componente genético determinante. Então, se o metabolismo vive lento, devo me conformar com a situação? Nada disso! Apesar de ser um processo já impresso no DNA (conforme atestam os estudos), há muito que fazer para acelerar a máquina e ver as calorias virarem combustível. A regra, em relação a qualquer atitude saudável que você pode tomar a partir de agora, é manter a regularidade. Isso porque o corpo precisa de um tempo para se adaptar, processar as informações e, depois, mandar um comando para o metabolismo mudar radicalmente e trabalhar de vento em popa. Consultamos especialistas no assunto e descobrimos atitudes fáceis de adotar no dia a dia que podem mudar o padrão metabólico de uma vez por todas. Conheça esses hábitos saudáveis:

Metabolismo a todo vapor

NÃO PULE O CAFÉ DA MANHÃ! E lembre-se de que o ciclo biológico deve ser respeitado. O desjejum é para ser feito entre as 6 horas e as 9 horas da manhã. Nunca mais que isso! Segundo Paula Fernandes Castilho, nutricionista da Sabor Integral Consultoria em Nutrição, de São Paulo, é bem cedo que o corpo está totalmente disposto a gastar energia. Você oferece os alimentos certos e ele agradece da melhor forma possível, pisando fundo.

FRACIONE BEM A DIETA. Café da manhã, almoço e jantar definitivamente não dão conta, sozinhos, de equilibrar a balança energética. É fundamental intercalar as principais refeições com lanches magros, porém ricos em nutrientes. A receita é não passar mais que duas horas sem comer.

BEBA MUITA ÁGUA. De preferência, gelada! Segundo Fernanda Paulucci, nutricionista clínica esportiva funcional da Clínica de Medicina Personalizada Dr. Gustavo Vilela, de São Paulo, a água gelada faz o corpo gastar energia para equilibrar a temperatura interna.

PRATIQUE MUSCULAÇÃO. Quem pega peso ganha massa muscular. E é exatamente essa parcela do corpo (os músculos) que mais consome energia ao longo do dia.

PRATIQUE HIIT. Ou seja, Treino Intervalado de Alta Intensidade. Uma ferramenta indispensável. “Esse tipo de programa dá um choque no metabolismo para ele ficar mais acelerado”, ensina André Trombini, Master Trainer das Bodytech Iguatemi e Eldorado, de São Paulo. O ideal é fazer umas três vezes na semana. Um bom modelo de HIIT costuma durar entre 20 e 30 minutos e pode ser feito da seguinte forma: minutos 1 e 2 (baixa intensidade, uma caminhada, por exemplo); minutos 3 e 4 (alta intensidade, corrida leve a moderada, dependendo do seu condicionamento físico); minutos 5 e 6 (baixa intensidade, voltar a caminhar); minutos 7 e 8 (alta intensidade, correr novamente). Siga esse mesmo padrão até completar os 20 a 30 minutos de treinamento intervalado. “Conforme o corpo vai se adaptando ao treinamento, é hora de modificar o trabalho para continuar o estímulo intenso” explica Trombini.

NÃO EXORCIZE AS GORDURAS. Tudo bem que a reputação delas é ruim, mas riscá-las definitivamente da dieta é um tiro no pé, porque está provado que o corpo precisa de gorduras como fonte de energia para realizar as principais tarefas do dia. Opte, então, pelas gorduras consideradas saudáveis, derivadas do óleo de girassol, do abacate, do coco e das oleaginosas: castanhas, gergelim e milho.

MANTENHA-SE ATIVO. Mesmo que não dê para seguir um programa de exercícios mais do que três vezes na semana, coloque o corpo para trabalhar durante as atividades corriqueiras. Troque o elevador pelas escadas, a ida à padaria de carro pela caminhada, a pausa no trabalho por uma volta no quarteirão.

DURMA BEM. Parece até contrassenso pedir que o corpo pare em vez de acelerar. Mas a nutricionista Paula Castilho tem a explicação certa para você se convencer do contrário. “Quando não dormimos o suficiente, menos de 8 horas, o metabolismo entende que precisa economizar energia. Se dormimos bem, ele percebe que pode acelerar, porque sabe que no momento oportuno aquele corpo vai repousar”, diz.

ESCOLHA ALIMENTOS QUE QUEIMAM. São chamados de termogênicos e são as estrelas das dietas prescritas por especialistas. Mas lembre-se da regra da regularidade. Não adianta fazer uso do alimento só em situações esporádicas.