*Por Rafael Duarte, documentarista e co-fundador da equipe de expedições Miramundos

Para uma aventura em alta montanha, a única variável que não há muito o que fazer para quem vive no nível do mar é a altitude – pois esta se trata com aclimatação, hidratação, alimentação e adaptação individual. Assim sendo, procurei focar nos últimos meses para minha expedição ao Basecamp do Everest para rodar cenas para o documentário “Da cama ao cume”, sobre o alpinista brasileiro Roman Romancini, que comentei no último post aqui.

Para quem faz esta ascensão, de cerca de 3 mil metros de altitude de seis a nove dias, chegando a 5.364, é preciso estar em boa forma física e ter alguma experiência em montanha, apesar de não ser um trekking considerado técnico.

Na minha preparação física específica para esta expedição, que começa por volta do dia 10 de abril, foquei em quatro pilares:

Musculação para fortalecimento e evitar lesões, especialmente nas pernas e região do core.

Exercícios aeróbicos de bike (de 1h a 3h de duração em alta intensidade) e corrida (até 1h)

Exercícios funcionais de trekking em trilhas com subidas e descidas (com e sem peso nas costas). O peso da mochila foi aumentando conforme os treinos foram evoluindo. Nos últimos treinos cheguei a pegar emprestado uma caneleira de 12kg para ajudar a colocar peso na mochila em treinos com 15kg no total.

Fisioterapia / massoterapia (tanto preventiva quanto de recuperação)

Além desta preparação física, creio que o maior desafio desta empreitada no meu caso deverá ser o equilíbrio e controle mental. Afinal, viver durante tanto tempo fora de casa, morando em condições extremas por cerca de 30 dias no acampamento base (normalmente quem faz o trekking fica apenas um dia), com acesso ao mínimo (até mesmo o ar), e com bastante trabalho a fazer.

Se por um lado o estudo sobre o assunto acalma a ansiedade, a motivação em viver esta experiência é o combustível para enfrentar esta oportunidade de peito aberto. Vai ser uma prova de autoconhecimento e tanto!