*Por Andréia Meneguete
Não tem jeito: quem pratica atividade física constantemente tem a dor muscular, por muitas vezes, como uma companheira repentina e inconveniente corpo adentro. E não precisa ser atleta para sentir uma dorzinha ali e outra acolá. Basta um aquecimento que não foi benfeito ou uma esticada a mais na corrida para sentir os músculos gritarem que algo não vai bem. É justamente nesse cenário que a gente vê muitos adeptos da academia desfilarem por aí com faixas, ao estilo esparadrapo, esticadas na pele, bem na região onde há uma lesão.
Se você pensou por algum momento que tal bandagem fosse uma simples moda… acertou. Não é exatamente a moda de um novo acessório do universo fitness, mas sim um método terapêutico que tem dado o que falar: a kinesiotaping. Embora seja uma prática antiga na área médica e bastante utilizada na ortopedia, a terapia por meio de bandagens (tape) ganhou status de queridinha por aqueles que desejam amenizar a dor de uma lesão muscular durante um tratamento fisioterapêutico mais intenso.
Desenvolvida na década de 1970 pelo acupunturista japonês Kenzo Kase, a taping terapia virou talking of the town por trazer benefícios ao paciente que necessita restabelecer um músculo lesionado, diminuir o inchaço de uma região inflamada ou, até mesmo, amenizar a dor de uma parte do corpo durante os exercícios físicos. Tudo de forma simples: apenas com a aplicação da bandagem na área afetada. Tentador e quase um milagre, não?
A gente explica como tudo acontece: “Quando aplicada, a kinesiotape causa um leve afastamento entre a pele e o tecido subcutâneo, aumentando a circulação sanguínea e linfática. Com isso, há a diminuição do inchaço e da dor”, explica a fisioterapeuta esportiva, especialista em ortopedia, Cintia Guedes Bellini, de São Paulo. A dor vai embora graças à capacidade de o cérebro conseguir se manifestar a apenas um estímulo: tátil (da fita) ou doloroso (da lesão). “Nesse caso, o contato da bandagem com a pele, onde se concentram as terminações nervosas de sensibilidade, prevalece diante da dor”, indica Cintia.
Feita de algodão e com textura similar à da pele humana, a kinesiotape tem ainda a vantagem de poder ser aplicada em qualquer região do corpo, desde que não haja pelos, e pode durar entre três e cinco dias. “Um dos pontos positivos do uso de fitas para combater uma lesão ou inflamação é que, por não conter nenhum medicamento, elas não têm contraindicação e podem ser usadas por qualquer pessoa, inclusive atletas que têm restrição em relação ao doping”, sinaliza a fisioterapeuta esportiva Bruna Pilz, de São Paulo.
Em tempo: não adianta querer sair comprando por aí e aplicar em si mesmo. Para obter um bom resultado, é preciso ter acompanhamento médico, pois só um especialista pode reconhecer qual o sentido e a região específica da fibra muscular lesionada. “Vale lembrar que a kinesiotaping é um complemento a um tratamento fisioterapêutico, não é um método que substitui um acompanhamento médico mais eficaz. Embora ela atue na dor, a causa do problema ainda continua por lá”, alerta Cintia.