*Sergio Maurício, ortopedista

Terror de muitos corredores, a fascite plantar é uma inflamação que ocorre na planta do pé, mais comum no calcanhar. A dor piora  no início da manhã e após os treinos. Pode demorar meses para melhorar, principalmente quando neglicenciada ou quando sua causa não é tratada.

O que é?

A fáscia plantar é um tecido que vai do calcanhar até os dedos dos pés e funciona como uma mola toda vez que tocamos o solo. Quando excedemos sua capacidade de resistência, ela sofre microrupturas e lesiona. Com o passar do tempo, sem tratamento, ocorre a calcificação de sua origem no calcanhar, formando o famoso esporão. Tal calcificação deixa o tecido mais rígido e menos elástico, predispondo a novas crises da dor.

Fascite plantar tem cura?

Sim! O grande problema é que muitas vezes os fatores de risco que levam à sobrecarga da planta do pé não são controlados, levando a um quadro crônico. Antiinflamatórios costumam controlar parcialmente a situação, com a dor retornando após a fase inicial. O mais importante é encontrar “qual ou quais fatores” casusaram o problema.

E quais são as principais causas?

Falta de mobilidade do tornozelo e da fáscia plantar; falta de alongamento e fortalecimento da panturrilha; ausência de treinos de equilíbrio (propiocepção); falta de treinos de força dos quadris e abdômen, correndo “rebolando”; tênis de corrida sem amortecimento adequado; calçados do dia a dia duros demais (rasteiras, sapatilhas e sapatênis); excessos de treinos ou progressões muito abruptas; ausência de descanso; persistir correndo mesmo com dor.

O que fazer?

O mais importante é descobrir os fatores de risco presentes no seu caso. A avaliação ortopédica é fundamental para afastar outras causas, como por exemplo, a fratura por estresse, que pode ter um quadro parecido. Muitas vezes um exame de imagem como a ressonância magnética se faz necessária.

A indicação de medicamentos, fisioterapia ou interropção da corrida vai depender de cada caso, porém, quanto antes a pessoa procurar ajuda, mais fácil vai ser encontrar uma solução.

Como prevenir?

Sem dúvidas a principal forma de prevenção é realizar treinos regulares de musculação, mobilidade e equilíbrio. A liberação miofascial da planta do pé e panturrilha também são grandes aliados. Ouça seu professor quando ele disser que está indo rápido demais, não só quanto à velocidade, mas quanto ao volume semanal de treino. Por fim, atente-se aos seus calçados do dia a dia e tênis de corrida, sempre prezando por amortecimento. Nesse contexto, evite ainda correr sempre em terrenos duros como pedra portuguesa e concreto. Bons treinos e boas corridas!